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Eclusa torna Tiete navegavel e facilita limpeza

OESP, Cidades, p.C4
21 de Jan de 2004

Eclusa torna Tietê navegável e facilita limpeza Obra inaugurada ontem na Marginal acaba com a retirada de detritos por caminhões
ANA PAULA SCINOCCA
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) inaugurou ontem, em São Paulo, a primeira eclusa do Tietê em perímetro urbano. A obra integra o programa estadual de combate às enchentes. Com essa construção, será possível retirar com embarcações detritos e materiais que se acumulam no leito do rio. "Com a eclusa e um desvio de 3,20 metros, não vai mais precisar fazer isso (limpeza) pela Marginal, usando caminhões", comentou o governador. De cada área de eclusa, podem ser retirados 300 toneladas de lixo, o equivalente a 20 caminhões.
Com a obra, ainda será possível a navegação pelo Tietê entre a Barragem Edgar de Souza, em Santana de Parnaíba, e a Barragem da Penha, em um trajeto de 40 quilômetros. Em uma segunda fase, com prazo ainda não estipulado pelo governo, o percurso poderá ser utilizado também para transporte de cargas e até de passageiros (ver ao lado). "Alguém que more na Penha, por exemplo, e queira deslocar-se até Barueri, poderá fazer isso por barco", garantiu Alckmin.
Segundo informações do governo paulista, os investimentos no programa de combate às enchentes chegam a R$ 731 milhões, dos quais R$ 537 milhões são de financiamento junto ao Japan Bank for International Cooperation (JBIC).
Outros R$ 194 milhões cabem ao Tesouro do Estado.
A eclusa inaugurada ontem tem 122 metros de comprimento, 12 metros de larga e 10 metros de altura. "É um elevador de águas, que permite vencer um desnível de 3,20 metros que separa as águas do Tietê - por causa da barragem móvel - na altura do Cebolão", afirmou o secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce.
O governador também anunciou que dos dois lados da Marginal, entre a Penha e o Cebolão, haverá 24,8 quilômetros de jardim. Além da eclusa, dois descarregadores de fundo para controle das águas foram entregues por Alckmin.
Esgoto - Ele garantiu também que a despoluição do Tietê, iniciada há dois anos, será concluída em 2006. A obra está orçada em R$ 1,2 bilhão - sendo 50% provenientes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), 25% do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros 25% da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
De acordo com o governador, o esgoto coletado é levado para as cinco estações de tratamento de esgoto - todas prontas - da região metropolitana.
"O Rio Pinheiros, que hoje tem 0% de oxigênio, vai melhorar muito. Em dois anos, já poderá ter um nível bem razoável", comentou, explicando que o Tietê melhorará menos que o Pinheiros, por causa do Tamanduateí (afluente do Tietê).
"A grande poluição é do Tamanduateí, que vem com uma carga muito alta de esgoto do ABC", lamentou Alckmin, destacando que falta tratamento nos municípios do ABC. "Mas agora vamos assumir São Bernardo do Campo", afirmou.
A estimativa do governo paulista é de que, com a obra, a capital, que hoje tem 77% de esgoto tratado, terá 87%. "E o coletado ficará acima de 90%", garantiu.
Flotação - O governador disse ainda que espera para os próximos dias uma decisão favorável da Justiça, que deverá autorizar a aplicação do processo de flotação no Rio Pinheiros. "Estou muito confiante em uma decisão favorável para fazermos uma experiência. Aí, será uma beleza."
O uso do sistema no Pinheiros está proibido desde julho, por decisão do juiz Edson Ferreira da Silva, da 13.ª Vara da Fazenda Pública. A sentença considera que a flotação no local implica o bombeamento de águas poluídas do rio para o sistema Billings, que abastece a cidade de água potável.

Estado pretende criar hidrovia metropolitana Projeto poderá ser colocado em prática após aprofundamento da calha do rio
O governo do Estado pretende criar uma hidrovia metropolitana para o transporte de passageiros e cargas pelo Rio Tietê. O novo sistema de transporte ligará, inicialmente, a Barragem da Penha, em São Paulo, ao lago da Barragem Edgard de Souza, em Santana de Parnaíba, pelo Rio Tietê, numa extensão de 40 quilômetros. Com a inauguração de uma eclusa, sob o Cebolão, o rio já é navegável nesse trecho.
A proposta da criação da hidrovia encontra-se em discussão técnica e política na Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos. O projeto poderá ser colocado em prática, após a conclusão da ampliação e aprofundamento da calha do rio. Também terá de ser definida a participação com a iniciativa privada, por meio de concessão ou permissão.
O que os técnicos já sabem é que a hidrovia permitirá a absorção de parte da demanda existente de passageiros e cargas. Na opinião deles, esse tipo de transporte hidroviário, além de ser mais eficiente, possibilitará reduções na emissão de poluentes, no consumo de combustível e nos congestionamentos Embora não saibam detalhes do estudo e prefiram primeiro a despoluição do rio, moradores de Santana de Parnaíba acreditam que a hidrovia poderá colaborar com a economia da cidade, principalmente o turismo. É que Santana de Parnaíba, com 423 anos de história, possui o maior conjunto arquitetônico tombado em taipa do Estado e resguarda em seu centro importantes imóveis remanescentes do período colonial. (Mauro Mug)

OESP, 21/01/2004, p. C4

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