VOLTAR

A dona da Amazônia

Isto É, Comportamento, p. 60-61
02 de Mai de 2007

A dona da Amazônia
Casada com o sueco Johan Eliasch, dono de 140 mil hectares no Amazonas, a socialite Ana Paula Junqueira quer ser conhecida pela defesa das florestas

Por Lena Castelón

Bela e alegre, a socialite Ana Paula Junqueira está em todas as festas. As mais cobiçadas, bien sûr. Aos 36 anos, transita pelo grand monde na companhia de amigos estrelados como a top model Naomi Campbell. Também se notabiliza por ser anfitriã de representantes do jet set internacional. Recebeu recentemente em sua casa, em São Paulo, ninguém menos que o príncipe Andrew Albert Christian Edward, quarto na linha de sucessão ao trono britânico. E foi a cicerone informal do filho de Elizabeth II.
Ana Paula e o milionário sueco Johan Eliasch, com quem vive há cinco anos, trouxeram o príncipe de Londres para o Brasil no avião do casal e ofereceram a ele um magnífico jantar com direito a pista de dança. Lindas mulheres - muitas delas desacompanhadas - estavam ansiosas em conhecer de perto, na festa, aquele que já foi o príncipe mais bonito do Reino Unido. Corre a notícia de que algumas trocaram os papéis de assentos reservados para arranjar uma posição melhor junto
ao convidado. "Andrew é meu amigo há muito tempo. Ele levou uma imagem superboa do Brasil", conta Ana Paula, após o riso cristalino que a acompanha em sua agitada vida social.
Ela também tem chamado a atenção da imprensa - daqui e do Exterior - pela extensa propriedade que o marido arrematou no coração do Amazonas.
É uma área maior do que Londres, cidade onde Johan Eliasch cresceu e consolidou sua fortuna estimada em 355 milhões de libras, o equivalente a R$ 1,44 bilhão. Segundo Ana Paula, que deve se casar oficialmente com o empresário no final do ano, são mais de 140 mil hectares divididos em duas fazendas localizadas a cerca de uma hora de avião de Manaus. "Para falar a verdade, é difícil encontrar algo parecido com aquilo. É uma imensidão verde. Quando você olha, são 360 graus de florestas", revela. Nesse terreno situado entre Manicoré e Itacoatiara, Ana Paula é a própria rainha. A socialite visita as famílias que vivem nos arredores, planeja fazer um documentário da região - comprada com grande incentivo de sua parte - e garante se sentir bem à vontade no meio do mato. "Gosto de terra. Nasci numa fazenda no interior de São Paulo e vivi lá até os 15 anos, subindo em jabuticabeira", explica. Ela mostrou a propriedade ao príncipe Andrew, que se impressionou com o lugar, que teria custado oito milhões de libras (cerca de R$ 32 milhões) a Eliasch, dono da marca esportiva Head. "Subimos o rio Madeira e Andrew ficou interessado pelo trabalho de preservação que fazemos lá", emenda. De acordo com Ana Paula, foram plantadas 200 mil árvores. Além dessa propriedade, o casal tem residência na capital paulista, em Paris e em Londres, no requintado bairro de Mayfair.
Ser notória pela vida abençoada, pelos amigos famosos e pela badalação é, no entanto, algo que vem incomodando a socialite. Não que a vida glamourosa seja uma pedra no sapato - item, aliás, que adora colecionar, embora não se considere uma Imelda Marcos. O detalhe está no cansaço em ver seu nome ligado apenas ao lado festivo da high society. "Falta responsabilidade social a muita gente. Aqui, há uma minoria que faz alguma coisa, enquanto lá fora existe uma tendência pela mobilização. No Brasil, todos criticam, mas poucos se mexem de verdade", diz.
Ela é rápida em enumerar os cargos que ocupa: diretora do Museu Brasileiro de Escultura (Mube), presidente da Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil, secretária-geral da ONG Associação das Nações Unidas no Brasil (Anubra) e responsável pelos projetos de meio ambiente e combate ao aquecimento global da Federação Mundial das Associações das Nações Unidas, uma espécie de braço civil da ONU.
Com exceção do Mube - tradicional endereço do circuito cultural paulistano -, o fato é que as entidades não são conhecidas pela população. Porém, isso não chega a perturbá-la. "Minha preocupação é o meu trabalho. Tenho muito mais a fazer pela sociedade e acho que tenho conteúdo. Vou sempre ao Fórum Mundial de Davos e ultimamente passo um bom tempo em
Nova York por causa da ONU", afirma.
Na segunda-feira 30, a socialite estará de volta à Big Apple em mais um evento engajado. Com iniciativa da Anubra, acontecerá o Fórum de Desenvolvimento Sustentável 2007, que terá abertura do
ex-presidente José Sarney e participação de Bill Clinton, entre outros medalhões da política. Ana Paula acompanhará com interesse especial o painel sobre a exploração racional da Amazônia, que virou um de seus temas favoritos. Ela e o marido sustentam que quem preserva a natureza deve ganhar créditos de carbono, um benefício hoje garantido somente às empresas que fazem reflorestamento. "Muitos não sabem que o Johan comprou aquela propriedade para proteger a floresta. Ela pertencia a uma empresa americana que cortava árvores. Isso acabou", desabafa.
Outra questão importante nessa história é a aquisição de terras amazônicas por estrangeiros milionários. O procedimento recebeu o epíteto de "colonialismo verde". Ana Paula rebate, alegando que o colonialismo tira tudo de bom de uma terra, o que, em suas palavras, não ocorre no caso de Eliasch. E reforça a defesa do marido: "Para o brasileiro, a Amazônia é sagrada. Só pode ser do brasileiro. O detalhe
é que os críticos não averiguaram que eu sou brasileira. A Amazônia sempre será do Brasil. Ela é nossa", completa.

Isto É, 02/05/2007, Comportamento, p. 60-61

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.