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Divergencia ameaca fundo para meio ambiente

OESP, The Wall Street Journal, p.B9
20 de Jun de 2005

Divergência ameaça fundo para meio ambiente
EUA querem impor exigências políticas e econômicas para doar. Outros discordam
Por Michael Phillips The Wall Street Jorrnal
Uma briga entre os Estados Unidos e grandes países da Europa e do mundo em desenvolvimento ameaça atrapalhar um fundo multibilionário para ajudar países pobres a preservar suas florestas tropicais, controlar o efeito estufa e tratar de outras preocupações mundiais sobre o meio ambiente.
A rusga desacelerou - e talvez tenha até interrompido - negociações tensas sobre uma nova rodada de aporte de recursos para o Fundo Global para o Meio Ambiente, que ajuda países pobres a cumprir tratados internacionais de meio ambiente. Governos europeus e de países em desenvolvimento estão discutindo a possibilidade de fazer um programa sem a participação americana se a Casa Branca continuar a exigir que os países que recebem ajuda cumpram novas exigências econômicas, políticas e ambientais.
0 progresso das conversas "é muito lento porque não há negociação", diz André Lago, chefe da Divisão de Política Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. "Só há concessões unilaterais" diante das exigências dos EUA.
Os EUA adotaram uma linha dura nas negociações a portas fechadas sobre futuros aportes ao fundo. Os EUA querem que o Fundo Global para o Meio Ambiente premie países com histórico comprovado de prudência econômica, governo honesto e bom gerenciamento ambiental. George W. Bush fez dessas exigências tema central de seus programas de ajuda a outros países. Sua Conta do Desafio do Milênio só é concedida a países que cumprem padrões definidos pelos EUA de bom governo e abertura de mercados, e o Departamento do Tesouro dos EUA tem pressionado o Banco Mundial a provar que seus empréstimos reduzem o nível de pobreza dos países a que são concedidos.
Os países em desenvolvimento, com apoio da Europa, dizem que é compreensível querer assegurar-se de que o dinheiro do auxílio não seja roubado. Mas eles argumentam que no caso do fundo ambiental, os países não deveriam ter de atender exigências excessivas dos EUA para conseguir um dinheiro cujo objetivo é melhorar o meio ambiente tanto para os países pobres como para os ricos. Em especial, dizem eles, o déficit orçamentário e outros indicadores relativos a política econômica são irrelevantes para determinar se um país merece ou não ajuda financeira para preservar espécies sob risco de extinção ou florestas de importância mundial.
"0 que o fundo faz é para o bem mundial", disse uma autoridade européia, que falou sob a condição de que seu país não fosse identificado. "Em tese, o que o fundo faz tem tanto valor para um cidadão dos EUA quanto para um curdo ou um ruandês. Não se trata apenas de altruísmo."
0 Fundo Global para o Meio Ambiente, criado em 1991, fornece recursos para ajudar países pobres a cumprir convenções internacionais de diversidade biológica, mudança climática, poluição e avanço dos desertos. Trinta e dois países ricos doam para o fundo a cada quatro anos.
As negociações em curso nos últimos dois anos pretendem definir quais condições os países pobres devem cumprir para se qualificarem para ajudas futuras. Só depois que essas questões forem resolvidas os doadores vão se reunir para decidir quanto contribuir para manter o fundo em operação nos próximos quatro anos.

OESP, 20/06/2005, p. B9

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