OESP, Geral, p.A19
01 de Mai de 2004
Distrito em RO cresce com extração ilegal de madeira União Bandeirante tem 20 serrarias que conseguiram licenças irregulares do governo
NILTON SALINA Especial para o Estado
PORTO VELHO - A localidade que mais cresce em Rondônia tem cerca de 20 serrarias e a economia baseada na extração ilegal de madeira. União Bandeirante, a 180 quilômetros de Porto Velho, é um distrito da capital localizado ao lado de uma reserva extrativista, que deveria ser explorada por seringueiros. Ao invés disso, está enriquecendo madeireiros ligados a políticos.
O promotor de Justiça Miguel Mônico disse que as licenças para o funcionamento das serrarias foram concedidas ilegalmente pelo governo do Estado. "Nenhuma delas tem o título de terra necessário para que a autorização seja concedida. A intenção é roubar madeira da reserva extrativista e das terras dos índios caripunas, nas proximidades."
Mônico apurou que as madeireiras operam com Autorização de Transporte de Produtos Florestais (ATPF) de áreas até 800 quilômetros distantes de União Bandeirantes. O documento é expedido pelo Ibama. "Impossível acreditar que a madeira é levada por todo esse percurso até o distrito, sendo que existem muitas serrarias pelo caminho. Isso é fraude."
Segundo ele, mesmo de posse de ATPFs, quem sai com madeira de União Bandeirante tenta evitar a fiscalização. "Por isso, chegaram a abrir uma estrada que passa pela reserva dos caripunas. Constatei isso em fotografias feitas por satélite. E, por mais absurdo que isso possa parecer, o distrito, com 5 mil habitantes, deverá ser emancipado dentro de pouco tempo."
O madeireiro José Escarmucim, de 62 anos, montou há dois anos uma serraria e nega estar devastando a floresta. "Tiramos no máximo duas árvores de uma área de 100 metros quadrados. O caso é que abrimos estradas e, depois disso, os posseiros entram e tocam fogo na mata. Mas se não tiver posseiro, em três anos a floresta se reconstitui no local da estrada."
Escarmucim não conseguiu aprovar um projeto de manejo na área. O problema foi contornado com a compra de áreas de terceiros. "Não compro ATPF fria, porque exporto a madeira. Tirei todos os documentos para trabalhar dentro da legalidade. É melhor assim, já que investi R$ 1,8 milhão nesse negócio."
OESP, 01/05/2004, p. A19
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