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Dicionário indígena contribui para a preservação da língua Sateré

Agência Fapeam - http://www.fapeam.am.gov.br/
Autor: Fábio Guimarães
23 de Set de 2010

Estudos realizados com etnias indígenas revelam que o uso da língua materna está sendo suprido pelo uso da língua portuguesa. De acordo com alguns pesquisadores, há previsão de que alguns desses dialetos possam até desaparecer num curto espaço de tempo. Por outro lado, existem também projetos de revitalização em desenvolvimento para que a cultura indígena não desapareça da região.

Um destes projetos é o "Dicionário Sateré-Mawé/Português" da mestra em Ciências da Linguagem pela Universidade Federal de Rondônia, Maria de Jesus Ribeiro Pacheco. Defendida recentemente, a pesquisa contou com o aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa RH-Interiorização.

De acordo com a pesquisadora, a elaboração do estudo se deu pela necessidade de colaborar com os índios na comunicação com os não-índios e pela importância em se contribuir com a valorização da cultura indígena na Amazônia.

"Propomos, como objetivo, inventariar palavras isoladas ou em contexto de comunicação da língua Sateré, para conhecer os seus respectivos significados semânticos", explicou.

A pesquisa

O projeto coletou o maior número possível de palavras do léxico da língua Sateré-Mawé, utilizadas na comunicação, por informantes indígenas idosos, adultos, jovens, falantes da referida língua, tanto os residentes nas comunidades indígenas quanto os da cidade, com a finalidade de organizar um dicionário bilíngue Sateré-Mawé/Português.

A pesquisa foi realizada nas comunidades da região do rio Andirá, em Ponta Alegre, Santa Umirituba, Santa Cruz e Vila Miquiles, com indígenas residentes em Parintins e Barreirinha - municípios do interior do Amazonas.

Jesus afirma que sua pesquisa foi um estudo preliminar, porém são necessárias outras abordagens para dar continuidade ao tema. "O universo de falantes é de aproximadamente oito mil pessoas que habitam as regiões dos rios Andirá e Marau, sem incluir as famílias das zonas urbanas do Amazonas", salientou.

Resultados obtidos

Na pesquisa, constatou-se que os indígenas utilizam a língua materna para sua comunicação, mesmo nas comunidades que têm maior contato com a sociedade não- indígena. Embora dominem a língua portuguesa, utilizada para a comunicação na cidade, o estudo verificou que, quanto maior a distância dos centros urbanos, maior é o uso da língua Sateré-Mawé.

"Obtivemos um registro aproximado de três mil unidades lexicais, das quais duas mil estão registradas no dicionário. Este estudo só foi possível pela participação direta do universo de informantes que têm interesse no material produzido para ser utilizado na etnia", ressaltou a pesquisadora.

Jesus também ressaltou a importância dos investimentos realizados pela FAPEAM, pois estes qualificam o profissional para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da sociedade no Amazonas.

Sobre o RH Interiorização

O Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados para o Interior consiste em conceder bolsa de mestrado e doutorado a profissionais graduados residentes no interior do Estado do Amazonas, interessados em realizar curso de pós-graduação, em programa credenciado pela CAPES, em instituições sediadas em Manaus ou outro Estado da Federação.

http://www.fapeam.am.gov.br/noticia.php?not=4544

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