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Diagnóstico da Bacia Amazônica será realizado durante Workshop Internacional

Gazeta Mercantil-Belém-PA
Autor: Silvia Fujiyoshi
22 de Out de 2001

Pesquisadores brasileiros, colombianos, peruanos e equatorianos se reúnem na ilha do Mosqueiro, no Estado do Pará, a partir de amanhã até a quinta-feira, para implementar o projeto Avaliação Global de Águas Internacionais (Giwa, sigla em inglês). O workshop resultará num diagnóstico sobre os aspectos ambientais e sócioeconômicos da Bacia Amazônica, apontando para demandas de recuperação e preservação dos recursos hídricos nos próximos 20 anos na região.
A proposta é reunir informações já coletadas pelas instituições científicas e tecnológicas que atuam na Amazônia, aplicando a metodologia desenvolvida pelo Giwa. Um questionário, que aborda a escassez de água doce, a poluição, a modificação de habitat, a exploração pesqueira e as influências de mudanças globais será preenchido a partir de debates entre os especialistas. A Bacia Amazônica ganhará um parâmetro global de avaliação de suas águas.
As avaliações do Giwa deverão gerar um diagnóstico completo da situação dos recursos hídricos em todo o planeta, mostrando quais são as regiões que sofrem a falta de água, que estão poluindo suas águas ou que poderão vir a ter problemas de escassez de água dentro dos próximos 20 anos. "Os estudos também servirão para subsidiar as reais possibilidades de comercialização da água sob uma parâmetro único de avaliação em todo o mundo", comenta o pesquisador Ronaldo Barthen, coordenador do projeto na sub-região Amazônia.
O Giwa integra o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), tem orçamento de mais de US$ 6 milhões e é executado desde junho de 1999 com conclusão prevista para o final do próximo ano. Os recursos do projeto são garantidos pelo Global Environmental Facility (GEF), que possui cerca de US$ 4 bilhões para implementar diversos projetos no planeta este ano. A expectativa é de gerar dados concretos para subsidiar ações efetivas.
Serão envolvidos pesquisadores da Universidade Federal do Pará (Ufpa), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), além do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) que assumiu a incumbência de coordenar os estudos na Bacia Amazônica.
Segundo Ronaldo Barthen, a Bacia Amazônica é a última a ser analisada no Brasil. Já passaram pelos levantamentos as bacias do Parnaíba, São Francisco e Paraná. O Brasil, que vem participando das avaliações de quase todas as sub-regiões banhadas pelo Oceano Atlântico, ainda integrará as que serão feitas sobre as águas do Caribe, com pesquisadores que representarão o Estado do Amapá, que é influenciado pelas águas das ilhas caribenhas.
Para aplicar o projeto Giwa na sub-região da Bacia Amazônica, serão investidos US$ 38 mil. Conforme Barthen, sobre os aspectos ambientais, serão avaliadas a existência, ou não, de fontes perenes de poluição, os impactos de casos de poluição química - como o derramamento de óleo -, a perda de ecossistema nos últimos 30 anos e os efeitos de mudanças globais como o El Niño, o efeito estufa, a emissão de gás carbônico e a radiação ultravioleta.
Os impactos sócioeconômicos serão analisados a partir de levantamentos sobre a redução da capacidade produtiva da região, conflitos humanos nacionais e internacionais a partir da carência de água e riscos sobre a saúde da população a partir da poluição da água, por exemplo. Para Barthen, que é especialista em ecologia de peixes, o diagnóstico sobre a Bacia Amazônica comprovará a ligação direta entre os desmatamentos e a escassez de água.
"Os problemas sobre a qualidade da água na Amazônia se concentram nos núcleos urbanos. Num balanço geral, a situação atual é boa. Mas, se os níveis de desmatamento atuais forem mantidos, a perspectiva futura é de escassez de água", comenta o pesquisador. Barthen acredita que a "floresta sustenta o processo de geração de chuvas" e se preocupa com a expansão das fronteiras agrícolas do Centro Oeste do País para a Amazônia.

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