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Destruicao por queimadas dispara no Pais

OESP, Vida, p.A19
05 de Ago de 2005

Destruição por queimadas dispara no País
Anteontem, foram registrados mais de 970 focos; campeões são Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
Simone Menocchi São José dos Campos
Agosto mal começou e a destruição por queimadas já é grande. Só no fim da tarde de terça-feira foram registrados no País 1.545 focos de incêndio. Anteontem foram 970 novos focos. Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são os Estados campeões em ocorrências. E o Brasil, entre os 13 países da América do Sul, fica com a maior fatia dos incêndios: 73% deles.
Cada ponto detectado pelo satélite NOAA-12 tem o tamanho de um campo de futebol. "Mais de 99% dos casos são intencionais e nos períodos de seca. Nosso Código Florestal é muito claro quanto à proibição do uso do fogo na vegetação e tenta evitar e punir seu uso, porém com resultados práticos bastante limitados", lamenta o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Alberto Setzer, especialista em queimadas.
Segundo Setzer, neste ano em todo território nacional foram constatados 32.300 focos ante 43.600 no mesmo período do ano passado. Houve redução de incêndios na Amazônia e em Mato Grosso, mas isso não significa que a destruição será menor.
"Agosto está apenas começando e não dá pra prever o que vai acontecer." De acordo com Setzer, a redução se explica por dois fatores. "O alto valor da moeda brasileira frente às estrangeiras inviabiliza a abertura de novas áreas para a agropecuária e há maior fiscalização pelo impacto negativo do desmatamento recorde no ano passado", explica.
AVANÇO DOS FOCOS
Enquanto na Amazônia e em Mato Grosso houve queda, Pará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Roraima tiveram avanços. Em território paulista, por exemplo, o volume de queimadas subiu de 1.300 para 2 mil focos. No Pará, de 4.500 para 7.200.
"O Estado de São Paulo vem combatendo cada vez menos as queimadas. Percebe-se que, de quatro anos para cá, as campanhas promovidas pelo governo, como a Operação Mata-Fogo, estão menos eficazes e com menor efetivo", diz Setezer. O Comando do Corpo de Bombeiros do Estado informou que a Operação Mata-Fogo é feita durante o ano todo e intensificada de junho a outubro. Afirmou ainda que o número de pessoas em cada operação depende da ocorrência do fogo em florestas e matas.
O especialista cita uma pesquisa publicada em abril ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o perfil dos municípios. "As queimadas e os incêndios florestais são a causa número 1 da poluição atmosférica do Brasil, indicados em 63% dos 5.560 municípios."

Estado do Acre está coberto por fumaça
João Maurício da Rosa
CINZAS: Boa parte do Acre está coberta de fumaça, resultado das queimadas que não param de aumentar. As ruas amanheceram ontem cobertas por cinzas. Houve fila no principal pronto-socorro de Rio Branco, onde crianças se revezavam para fazer inalação. Na terça-feira, o Estado apresentava 73 focos de incêndio. Em todo o mês de agosto de 2004, foram registrados 242 focos. Os dados são do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, com base em imagens de satélite.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Edegard de Deus, insiste que a fumaça vem dos Estados vizinhos e da Bolívia: "Não quero dizer que o Acre não queima, mas é a fumaça dos vizinhos que torna a situação insustentável."

OESP, 05/08/2005, p. A19

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