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Desmatamento na mata atlântica cai 71% em 5 anos

OESP, Vida, p. A40
27 de Mai de 2006

Desmatamento na mata atlântica cai 71% em 5 anos
Apesar da redução, destruição continua, e dois Estados ainda registram aumento de devastação

Herton Escobar

O desmatamento na mata atlântica caiu 71% nos últimos cinco anos, segundo dados preliminares do projeto de revisão do Atlas dos Remanescentes Florestais do bioma. Entre 2000 e 2005, foram desmatados 941 km2 de mata nativa, ante 3.250 km2 no período 1995-2000.

Um bem-vindo refresco para um dos hotspots mais ameaçados do planeta, na data em que se comemora o Dia da Mata Atlântica. A má notícia é que a destruição continua, ainda que em ritmo mais lento. Além disso, parte da redução se deve ao simples fato de que quase não há mais o que desmatar fora de áreas protegidas e de difícil acesso, como encostas de montanhas.

"Houve uma redução absurda do desflorestamento, mas se você considerar o pouco que resta do bioma, ainda é muito", diz a diretora de projetos e coordenadora do Atlas pela organização SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota. "Do ponto de vista da conservação da biodiversidade, a situação continua crítica."

A mata atlântica já cobriu 15% do território brasileiro, mas hoje está reduzida a 1% (ou 7% de sua cobertura original). O bioma abriga quase 380 espécies ameaçadas de animais, 84% delas endêmicas - ou seja, que não existem em nenhum outro lugar.

Cinco Estados registraram redução acumulada de desmatamento acima de 80%: Espírito Santo, Paraná, Rio, Rio Grande do Sul e São Paulo (veja tabela). Apenas dois tiveram aumento: Goiás e Santa Catarina. O levantamento ainda não foi concluído para Minas e Bahia.

As estimativas são baseadas em imagens de satélite e observações de campo, feitas em parceria pela SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "O que temos de entender agora são o fatores por trás desses números", disse o coordenador técnico do Atlas pelo Inpe, Flávio Jorge Ponzoni.

A menor área que pode ser observada por satélite, segundo ele, é de 5 hectares, em média. "Depende muito da paisagem." A dificuldade é que muitas das florestas remanescentes estão em áreas de relevo acidentado ou espalhadas em pequenos fragmentos isolados.

Segundo Marcia, a redução deve-se a um misto de políticas públicas e esgotamento das áreas acessíveis de floresta. A revisão completa do Atlas deve ficar pronta no fim do ano.

Satélite CBERS 2 está desligado há três semanas

O satélite sino-brasileiro CBERS 2, usado para calcular os índices de desmatamento da mata atlântica e para o monitoramento em tempo real do desmatamento na Amazônia, está há três semanas sem funcionar. O aparelho apresentou anomalias elétricas e teve de ser desligado.

A expectativa é que o satélite volte a operar na semana que vem, segundo o coordenador do Programa CBERS do Inpe, Ricardo Cartaxo. "Há uma certa segurança de que ele voltará a funcionar normalmente", disse.

O problema era um circuito do satélite que permanecia ligado durante a noite, quando deveria estar desligado. Isso aumentava o consumo de energia da câmera principal (CCD), a única que continuava em operação desde que o satélite perdeu uma de suas baterias, um ano atrás.

Por via das dúvidas, a câmera foi desligada e testes estão sendo feitos para resolver o problema. "Foi mais uma precaução", disse Cartaxo. "Estamos tentando prolongar ao máximo a vida do satélite, se possível até o lançamento do CBERS 2B, em maio de 2007."

A vida útil do CBERS 2 já venceu, em outubro de 2005, mas suas imagens têm 10 mil usuários cadastrados. Se ficar sem o satélite, o Brasil terá de comprar imagens do americano Landsat.

OESP, 27/05/2006, Vida, p. A40

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