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Desmatamento muda clima da Amazônia

Amazonas Em Tempo-Manaus-AM
Autor: Patrícia Almeida
25 de Set de 2004

Aumento de temperatura e dos ventos, além de diminuição da evapotranspiração, são alguns impactos do desmatamento e do fogo no clima da Amazônia e em outras regiões do País, segundo estudo apresentado ontem, pelo coordenador de pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), Antônio Manzi (foto). A pesquisa foi exibida no auditório do minicampus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e representa um apanhado de estudos feitos durante duas décadas por instituições de pesquisa brasileiras e de outros países.

"Comparações de modelos de clima de floresta e de pastagem revelam um aumento de temperatura próximo da superfície de 1oC a 2oC. Mas o que existe de mais interessante é a ocorrência de um aumento grande na amplitude térmica do dia", diz.

O estudo é realizado a partir da comparação de modelos matemáticos de computador que simulam a circulação atmosférica e o comportamento da vegetação da floresta. Os modelos de floresta são substituídos por modelos de áreas desmatadas, e o impacto dessas mudanças são simulados. "A partir daí podemos verificar as mudanças climáticas", diz.

Segundo o pesquisador, normalmente esses modelos prevêem aumento de temperatura, diminuição da evapotranspiração e aumento dos ventos. Ele ressalta que esse aumento dos ventos não está relacionado aos problemas ocorridos no conjunto Nova Cidade, onde centenas de casas têm sido destelhadas por ventanias nos últimos meses. "Estamos falando de efeitos locais", observa.

A maioria dos modelos também reproduz diminuição das chuvas na Amazônia. No entanto, essa diminuição não ocorre de forma homogênea. "Diminuem as chuvas da área leste da Amazônia, enquanto no lado oeste, ocorre aumento da quantidade de chuva", diz.

Outro resultado importante foi a identificação de diminuição da evaporação da superfície, em áreas desmatadas. "Essa diminuição está em grande parte associada a profundidade das raízes. No caso da floresta, a vegetação tem raízes profundas, então existe um acesso a camada de solo com uma quantidade de água muito maior que o de uma pastagem", explica.

Ciclos

A menor quantidade de água que evapora reduz o ciclo hidrológico. "Não temos percebido implicações no regime de chuvas, mas a longo prazo isso pode significar menos água nos igarapés", avalia.

Pesquisas do Experimento de Grande Escala da Biosfera e Atmosfera na Amazônia (LBA) verificaram o impacto das queimadas na região. "Esses estudos demonstram que as queimadas podem levar a um atraso no início da estação chuvosa da Amazônia. Além disso, a fumaça viaja a longas distâncias, podendo diminuir as chuvas até no Rio Grande do Sul", afirma.

Manzi ressalta que existem possibilidade de erros na comparação dos modelos de computadores. "Esses modelos em sua maioria têm dificuldades de simular corretamente a climatologia de precipitação na Amazônia, normalmente produzem um pouco menos de chuva do que se observa na realidade", ressalta.

No entanto, acrescenta o pesquisador, os modelos simulam muito bem todos os ciclos e a variabilidade de um ano para outro. "A cada dia esses modelos são aprimorados para que os resultados sejam mais exatos", diz.

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