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Desmatamento cresce 6% na Amazônia Legal

CB, Brasil, p.14
19 de Mai de 2005

Desmatamento cresce 6% na Amazônia Legal
País perdeu 26,1 mil quilômetros quadrados de floresta entre 2003 e 2004, número muito acima do que o governo federal estimava

Da Redação

A Amazônia Legal perdeu 26.130 quilômetros quadrados de área de floresta entre agosto de 2003 e agosto de 2004. O número está bem acima do que havia sido estimado pelo governo. No ano passado, a previsão era de que a taxa de desmatamento teria um crescimento de 2%. O índice registrado foi de 6%. "É um número bem acima do que esperávamos", reconheceu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. "Mas acreditamos que no próximo levantamento, os dados já serão diferentes", salientou.
No período entre 2002 e 2003, o crescimento também foi de 6%. Marina justificou a manutenção das taxas de desmatamento. O levantamento foi feito num período em que ainda não estavam em vigor as ações do Plano de Controle de Prevenção e Desmatamento. "Colocamos em prática uma série de ações estruturantes, que certamente vão reduzir tais índices", disse a ministra. Entre elas, a criação de unidades de conservação, ações para combater a grilagem e um novo ordenamento fundiário.
Em 2004 foi editada portaria que suspende cadastros de imóveis rurais para quem não estiver registrado no Incra. A medida, que impede acesso ao crédito, abrange 352 municípios em nove estados brasileiros. "Temos de combater o desmatamento em bases sustentáveis. Medidas de fiscalização são extremamente importantes, mas, sozinhas, são insuficientes", afirmou. Além do combate à grilagem - primeiro passo para a terra ser desmatada - a ministra mencionou a necessidade de se incentivar um plano de agricultura sustentável. "Há um plano em estudo na Casa Civil para ampliar tal atividade, o que certamente vai inibir novas frentes de desmatamento", disse.
O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, também fez uma avaliação otimista. "Estávamos andando num carro que ia a 27 quilômetros por hora. Já conseguimos reduzir a velocidade para seis quilômetros horários", comparou, referindo-se à taxa de crescimento do desmatamento entre 2001 e 2002, que era de 27%. "A redução do desmatamento não se faz da noite para o dia. Vamos continuar trabalhando", comentou.
Descontrole
Segundo Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra, o número "fala por si" e já era esperado pela sociedade civil organizada. O índice, afirma, deve demonstra que "há um estoque de 200, 250 mil quilômetros quadrados de floresta passível de desmatamento". Para ele, o governo não pode ser apontado como vilão, mas como "um observador não-atuante", que nem chegou a implantar o Plano de Ação contra o Desmatamento anunciado no ano passado.
Para Marina, são três os vilões por tais índices de desmatamento: pecuária, atividade predatória da madeira e agricultura. Até mesmo o crescimento econômico registrado em 2004, de 5%, foi citado pela ministra como um fator que dificultou a queda do desmatamento. "Não queremos justificar o índice alto, mas é claro que a atividade econômica mais aquecida acaba sendo um forte instrumento de pressão para o desmatamento", justificou.
O levantamento apresentado mostra que Mato Grosso foi o responsável pela maior extensão de desmatamento: 12.586 quilômetros quadrados, o que representa um acréscimo de 20% do número apresentado na pesquisa anterior. Em segundo lugar veio o Pará, com 6.724 quilômetros quadrados. Apesar de ainda apresentar uma grande extensão de área desmatada, o Pará apresentou uma boa surpresa neste levantamento. O ritmo de desmatamento foi reduzido em 2%. Tocantins também apresentou queda expressiva: 44%. No Amazonas, a redução foi de 39%.
"São números altos, mas o governo procura criar um muro de proteção, principalmente nas áreas onde há maior pressão de desmatamento", afirmou a ministra do Meio Ambiente. Ela observa que nas regiões de maior tensão há projetos para criação de unidades de conservação. "Mas isso não se faz de um dia para o outro. São projetos demorados", ponderou.

CB, 19/05/2005, Brasil, p. 14

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