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Desenhos rupestres são de épocas diferentes

A Crítica (AM) -http://acritica.uol.com.br/
Autor: Elaize Farias
16 de Nov de 2010

Gravações nas pedras devem ter sido feitas entre 2 mil e 7 mil anos atrás, de acordo com estimativas

Os desenhos rupestres descobertos nas rochas da margem do rio Negro, em Manaus, no final do mês passado, foram gravados em épocas diferentes, provavelmente no período entre 2 mil e 7 mil anos atrás.

As representações faciais podem simbolizar pessoas vivas, faces de antepassados, espíritos, heróis místicos ou máscaras de rituais. A análise, embora preliminar, foi feita pelos arqueólogos Raoni Valle e Helena Lima, que na última sexta-feira visitaram pela primeira vez as rochas, também conhecidas como lajes.

As "carinhas redondas" descobertas nas lajes de Manaus são semelhantes às identificadas no sítio arqueológico Caretas à margem do rio Urubu, no município de Itacoatiara, onde Helena Lima vem trabalhando. Segundo ela, no sítio Caretas "há centenas de carinhas" iguais. "Acredito que o Caretas é um referencial, um núcleo de maior concentração. Aqui nas lajes, morariam pessoas que mantinham relações com as de lá. Talvez estivessem se comunicando", afirmou.

A descoberta das gravuras, segundo Helena Lima, vai exigir mais responsabilidade do gestor público e da sociedade em termos de proteção do lugar. Para ela, um trabalho de educação patrimonial pode inibir ações humanas danosas. Já quanto às erosões e as intempéries naturais, conforme a arqueóloga, pouco se poderá fazer. Daí a necessidade de se iniciar trabalhos de pesquisa e de proteção não apenas na área das lajes, mas em todo o sítio arqueológico ao redor.

Com base em trabalho que já veem realizando em outras áreas da margem do rio Negro, Raoni Valle diz que as descobertas estão relacionadas a grandes oscilações climáticas que tendiam para uma maior aridez na região. "Então, se acredita que, em alguns momentos, o nível do rio Negro foi mais baixo do que o atual. Estas pedras passaram muito mais tempo expostas do que hoje. Por uma questão de probabilidade, este período foi quando se mais fez gravuras porque tinha rochas à disposição", explicou o arqueólogo.

Maior relevância
A descoberta das gravuras torna ainda mais relevante a importância do sítio arqueológico à margem do rio Negro. Segundo Raoni Valle, a importância fundamental do sítio não apenas são as marcas e os artefatos, mas um todo que reúne a paisagem também. "Esta estrutura geomorfológica é toda importante porque foi ela que determinou que humanos viesse para cá e marcassem esse lugar", comentou Raoni Valle. Já a urgência de pesquisa permanente e de proteção das gravuras tem razões práticas. Segundo Raoni, a correnteza do rio e a coloração da água podem influenciar na perenidade das gravuras. "Estas pedras estão removidas por causa da natureza morfológica da área", disse, referindo às rochas soltas na margem do rio.

Bióloga envia ofício ao Iphan
Preocupada com proteção das lajes, a bióloga Elisa Wandelli, que descobriu uma imagem de espiral nas lajes, enviou na última quinta-feira um ofício ao Instituto do Patrimônio Nacional e Artístico (Iphan), em Brasília, pedido ações na área. "Tudo se acaba. As gravuras podem sofrer depredações, intemperismo da natureza. É preciso monitoramento", disse Elisa. Sua preocupação vai desde o despejo de óleo nas proximidades até o furto das pedras. Ela indaga se haveria possibilidade de revestir as gravuras com substância protetora, se instalar sinais com bandeiras e boias para evitar impactos mecânicos das embarcações ou se, o contrário, essa sinalização poderia atrair depredadores. A gerente técnica da superintendência do Iphan, Gislaine Raposo Bacellar, disse que o órgão está realizando levantamento no sítio e informações sobre as gravuras. A arqueóloga Elen Barros, do Iphan, esteve no local na segunda-feira e coletou informações. "Vamos encaminhar os dados para o Centro Nacional de Arqueologia. Queremos elaborar ações não apenas na área das lajes, mas nos achados cerâmicos e outros artegatos", disse Gislaine.

Parceria para proteção da área
O sub-gerente o subgerente do Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Amazonas (Cepeam), Akira Tanaka, destacou a necessidade de a ong conversar com o Iphan para iniciar parceria de proteção da área das lajes. "Aqui tem muita diversidade de artefatos. É preciso vigilância 24 horas", disse Tanaka. A área das lajes onde foram encontradas as gravuras fica nos fundos da sede da Cepeam, no bairro Colônia Antônio Aleixo.

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