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Dados sobre Farc são 'irrelevantes', diz assessor de Lula

OESP, Internacional, p. A11
28 de Jul de 2008

Dados sobre Farc são 'irrelevantes', diz assessor de Lula
Marco Aurélio Garcia afirma que preocupação dos EUA sobre deslocamento da guerrilha para o País é infundada

Denise Chrispim Marin

O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que, em algumas ocasiões, o governo colombiano passou ao Brasil dados sobre a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Mas, segundo ele, esses repasses foram entregues antes da visita do presidente Luis Inácio Lula da Silva à Colômbia, nos dias 19 e 20, e continham apenas "informações irrelevantes" sobre as Farc.

Em entrevista ao Estado, o ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, informou que Bogotá entregou ao País informações sobre as "conexões" das Farc no Brasil. Em especial, sobre narcotráfico. Há uma semana, em visita ao Brasil, o secretário de Segurança Interna dos EUA, Michael Chertoff, alertou para a possível infiltração das Farc na Amazônia.

De acordo com García, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, está no caminho de concluir até o fim de outubro um acordo com as Farc. Segundo ele, o governo da Colômbia tem buscado "com muita competência" a desmobilização das Farc nos últimos meses. Numa frente, manteve canais de negociação com os líderes da guerrilha. Em outra, acirrou os ações militares e as operações de resgate de reféns.

"É falsa a impressão de que a Colômbia está agindo militarmente e está rompido com as Farc. A relação de forças foi alterada, em favor do presidente Uribe", afirmou Garcia, de Caracas, ao Estado. "As condições são favoráveis para que, em dois ou três meses, haja novidades nas negociações que estão em curso", completou.

Desde o início do ano, o governo colombiano vem acumulando sucessos na luta contra as Farc. No dia 2, conseguiu a libertação de Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência seqüestrada em 2002, e de outros 11 reféns. Antes, havia obtido a rendição de líderes rebeldes e, numa controvertida ação em território do Equador, eliminado Raúl Reyes, número 2 da guerrilha.

Segundo Garcia, no dia 19, em Bogotá, Uribe mencionou seus feitos contra as Farc ao presidente Lula, que reiterou a disposição do Brasil de colaborar para uma solução negociada do conflito. Mas, relatou, o colombiano não apresentou pessoalmente a Lula nenhuma solicitação sobre as Farc. Para o assessor, a suspeita de deslocamento das Farc para o território brasileiro, levantada por Chertoff, é infundada. O Ministério da Defesa reiterou a versão, ao argumentar que há mais de dez anos as Farc não tentam se mover na direção do Brasil.

Cocaína ainda rende até US$ 300 milhões a rebeldes
NYT
Apesar das baixas entre os rebeldes, a cocaína ainda sustenta a guerra na Colômbia rural. Por todo o país, as Farc ainda arrecadam entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões por ano cobrando impostos dos produtores de coca e coordenando as redes de tráfico de cocaína, de acordo com Bruce Bagley, especialista em combate às drogas que leciona na Universidade de Miami.

Esse número é inferior aos US$ 500 milhões arrecadados pelo grupo anualmente no início da década, mas ainda é o bastante para financiar as Farc após as recentes deserções e baixas que reduziram seus combatentes de cerca de 17 mil para 9 mil rebeldes. "As Farc e outros grupos sobreviverão enquanto o dinheiro do narcotráfico fluir", disse Bagley.

OESP, 28/07/2007, Internacional, p. A11

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