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Cortes no Ibama afetam Belo Monte, diz Marina

O Globo, Economia, p. 33
03 de Dez de 2009

Cortes no Ibama afetam Belo Monte, diz Marina
Ex-ministra de Meio Ambiente vê pressão política e afirma que processo perde credibilidade

A ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva (PV-AC) afirmou ontem que o processo de licenciamento da usina de Belo Monte ficou comprometido após as demissões no Ibama do diretor de Licenciamento, Sebastião Custódio Pires, e do coordenador de Infraestrutura de Energia, Leozildo Tabaja, responsáveis pelo processo de liberação das obras. Marina sugeriu ainda que Roberto Messias, presidente do órgão desde sua gestão, pode deixar o cargo.

Com capacidade de 11.233 megawatts (MW) de capacidade instalada, Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, é o maior empreendimento hidrelétrico em planejamento no mundo. Sua obra, cuja entrega em 2014 está agora ameaçada, é estimada em pelo menos R$ 16 bilhões - mas a iniciativa privada não crê ser possível construí-la por menos de R$ 30 bilhões.

- Qualquer licenciamento que seja dado por pressão política e não porque foram resolvidas questões técnicas compromete (a credibilidade do licenciamento da obra) - advertiu Marina.

A virtual candidata do PV à Presidência da República disse que o licenciamento de Belo Monte é complexo. Ela lembrou que, quando era ministra, exigiu 32 medidas a mais para evitar danos ambientais nas usinas de Jirau e Santo Antonio, no rio Madeira. As hidrelétricas foram um dos principais motivos para a fritura de Marina na Esplanada.

- Acho muito grave que um empreendimento dessa magnitude esteja sofrendo pressões e, pelo que tudo indica, pressão política. Ao ponto de o diretor (de licenciamento) estar se demitindo e o presidente do Ibama, me parece, estar muito desconfortável em continuar no cargo caso a pressão continue - disse ela na audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos do Senado para discutir o projeto.

Índios protestam no Senado contra construção da usina
A assessoria do Ibama foi procurada, mas não retornou as ligações. Ontem, dezenas de índios das tribos da região de Altamira, no Pará, foram ao Senado protestar contra as obras da usina. A índia Tuíra, que ficou conhecida em 1989 por encostar um facão no rosto do então diretor da Eletronorte, José Antonio Muniz Lopes (hoje presidente da Eletrobrás), criticou veementemente a Funai: - A Funai não vai lá falar com os índios. Eles enganam os índios - reclamou. (Gustavo Paul)

O Globo, 03/12/2009, Economia, p. 33

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