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Correio Braziliense destaca pesquisa sobre peixes no Parque Nacional de Brasília

ICMBio - www.icmbio.gov.br
14 de Set de 2009

O jornal Correio Braziliense, de Brasília, trouxe na sua edição de domingo (13) ampla matéria sobre a descoberta de onze espécies de peixes nos córregos que cortam o Parque Nacional de Brasília, mais conhecido como Água Mineral. A descoberta é resultado de uma pesquisa realizada por especialistas da Universidade de Brasília (UnB) e tem o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o parque.

Leia, a seguir, a matéria na íntegra:

Habitantes da Água Mineral

Pesquisadores da UnB identificam espécies de peixes em córregos e riachos do Parque Nacional de Brasília

Silvia Pacheco

Onze espécies de peixes foram descobertos por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) no Parque Nacional (Parna) de Brasília, conhecido como Água Mineral. Os animais habitam os córregos das sub-bacias (1) do Bananal, de Santa Maria e do Torto, desde as nascentes até partes mais próximas ao Lago Paranoá, onde esses cursos deságuam.

A descoberta foi feita pelo biólogo e ecologista Pedro De Podestà, da UnB. Durante um ano de trabalho, ele encontrou 28 espécies de peixes que habitam o parque. São encontradas com grande freqüência no ecossistema: correspondem a 42,9% das 28 que habitam o local. Segundo De Podestà, a descoberta só foi possível porque o local está protegido da ação humana.

Além da catalogação desses peixes, o estudo pode ajudar a direcionar melhor o manejo e a preservação da Água Mineral. "O entendimento do funcionamento desses ambientes - nesse caso, dos riachos - auxilia na identificação de áreas de maior biodiversidade, áreas mais ou menos impactadas, regiões de endemismos, entre outras", diz.

A chefe do Parna de Brasília, Maria Helena Reinhardt, afirma que as pesquisas científicas feitas na unidade de conservação são muito importantes. "Elas nos trazem conhecimento, informação e principalmente instrumentos para o manejo e preservação da biodiversidade do parque".

Para chegar ao resultado do estudo, o biólogo escolheu 14 pontos, divididos entre a sub-bacia do Bananal e a sub-bacia de Santa Maria e do Torto (ver arte). Cada uma foi visitada em quatro ocasiões e em diferentes épocas do ano. Foram recolhidos 8.614 peixes, a grande maioria de pequeno porte, com no máximo 15cm.

O pesquisador garante que, além de necessária, a coleta não prejudica o ecossistema. "A quantidade representa uma parcela pequena dos peixes que existem nos córregos e não interfere no ambiente", explica.

Com o levantamento, começa a ser preenchida uma lacuna nas informações sobre peixes em riachos no Distrito Federal. Nas proximidades, afloram três grandes bacias hidrográficas do país, o que leva a crer que o número de espécies sem descrição científica seja ainda maior.

"Esse é o primeiro estudo com comunidades de peixes nos riachos do parque. Há uma grande variedade de córregos a serem pesquisados e muito a ser descoberto", afirma De Podestà. O biólogo pretende fazer um estudo para levantar e caracterizar a estrutura das comunidades de peixes ao longo dos cursos d'água, em uma área que abrange o DF e parte de Goiás.

INVASORES - Na pesquisa, também foram encontrados alguns peixes invasores, ou seja, que não são característicos daquele habitat. Em grande quantidade, eles podem competir com outras espécies e trazer impactos negativos ao ambiente, como doenças. Em alguns casos, esses invasores se alimentam dos nativos, causando desequilíbrio ao ecossistema.

Uma das espécies estranhas encontradas é a pecilia reticulada, muito comum em aquários, também conhecida como lebiste ou guppy.

Segundo De Podestà, esses animais podem ter sido jogados nos córregos por moradores da cidade que desistiram de manter um aquário em casa. "Como qualquer animal de estimação, os peixes exigem responsabilidade. Não podemos simplesmente jogá-los fora em um rio, pois isso pode trazer conseqüências ao ambiente onde ele foi abandonado".

Uma carpa de 1kg é capaz de filtrar 3 mil litros de água por dia. "Com esse controle responsável, é possível minimizar os impactos de descaracterização do ambiente nativo", diz De Podestà. Ele, alerta para o perigo que os criadouros de peixes ornamentais em jardins e tanques próximos ao lago representam.

"A atenção deve ser redobrada, pois frequentemente esses animais escapam e vão parar no lago", afirma. O biólogo lembra também que quem tem peixes ornamentais e não deseja mais criá-los pode entregá-los para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

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