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COORDENAÇÃO DA UNIÃO DAS NAÇÕES E POVOS INDÍGENAS DE RONDÔNIA, NOROESTE DO MATO GROSSO E SUL DO AMAZONAS

CUNPIR-Porto Velho-RO
Autor: Almir Narayamoga Suruí
14 de Abr de 2004

Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e Sul do Amazonas, entidade indígena que congrega cerca de 52 povos, vem a público, diante dos últimos acontecimentos ocorridos na região de Espigão do Oeste, divisa com o estado do Mato Grosso, no garimpo ilegal de diamantes, dentro da Terra Indígena Roosevelt, afirmar que;
1. A situação de conflito generalizada, com mortes de garimpeiros no garimpo ilegal, sem provas de que tenham sido causadas de fato por indígenas, tem causado transtorno a outros povos;
2. O seqüestro e tortura do indígena Marcelo Cinta Larga - que nada tem a ver com a equipe de fiscalização na região do garimpo é inaceitável;
3. A queima da casa do Carlos Cinta Larga na cidade de Espigão do Oeste é crime e deve ser apurada;
4. Indígenas que moram na região de Cacoal, Pimenta Bueno e Ji-Paraná, sendo eles dos povos Suruí, Zoró, Apurinã que nadam tem a ver com a situação, pelo fato de serem indígenas, estão sendo ameaçados de morte por garimpeiros...
5. A pressão de grupos políticos e empresariais de Rondônia que defendem a liberação do garimpo a todo custo, principalmente pelo próprio governo do estado que se propõe a comprar os diamantes via Companhia Rondoniense de Mineração - CMR, tem funcionado como incentivador aos garimpeiros no processo de invasão em busca do diamante;
6. As denuncias envolvendo membros da Força Tarefa, que atuam na área do garimpo, precisam ser investigada, mas deve-se manter o efetivo de fiscalização e de trabalho de recuperação do processo produtivo junto aos Cinta Larga. A CUNPIR apóia a ação da FUNAI em defesa dos direitos e interesses dos povos indígenas e entende que ela deve ser fortalecida para cumprir bem seu papel;
7. Os grupos empresariais interessados no diamante, fruto da garimpagem ilegal na Terra Indígena Roosevelt, tem utilizado os indígenas Cinta Larga e os garimpeiros com testa de ferro de seus interesses. Eles apostam que quanto mais conflitos gerarem, melhor será a pressão para a regularização da garimpagem. Por isso, incitam a entrada de garimpeiros, para trabalhar em suas dragas, sabendo que é uma ação ilegal e que estão destruindo o patrimônio do Povo Brasileiro;
8. Faz-se necessário que o Ministério da Justiça com o Exército Brasileiro, coloque urgentemente um efetivo de militares na Reserva Roosevelt, para garantir a proteção física dos indígenas e da terra indígena, até que se regulamente no Estatuto dos Povos Indígenas o uso dos recursos naturais das terras indígenas em benefício dos povos indígenas;
9. A CUNPIR entende que, as invasões de garimpeiros, madeireiros, pescadores e outros, provocando a desestruturação nas comunidades indígenas, têm ocorrido pela falta de programas governamentais, seja do âmbito estadual ou federal, não contribuindo com o desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas, deixando-nos à mercê da própria sorte. Nós precisamos ter incentivos de políticas públicas para construirmos a gestão de nossas terras, para garantirmos a qualidade de Vida para os filhos e as futuras gerações.

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