FSP, Dinheiro, p. B7
05 de Jul de 2005
Contrato de carbono terá pregão neste ano
Em meados de agosto estará funcionando o banco de projetos; negócios na BM&F começarão até dezembro
DA REDAÇÃO
A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto neste ano viabilizou o banco de projetos MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) da Bolsa de Mercadorias & Futuros, que deverá estar à disposição dos interessados já a partir de meados do próximo mês.
Esse banco de projetos trará informações sobre o mercado de carbono e ao MDL. Nele, poderão ser feitos registros de projetos, já validados ou ainda na "intenção" de projetos, ou serem manifestadas intenções de compra.
Até o final do ano, a BM&F iniciará as negociações de contratos de redução de emissões de gás carbônico. A partir de 2008, os países industrializados começarão a cumprir as metas de redução de emissões de gás carbônico.
Para atingir as metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos poderão comprar contratos de projetos em países em desenvolvimento que reduzam as emissões de gases.
Para chegar à negociação, um projeto deve passar por uma avaliação de sustentabilidade e por uma auditoria de empresas especializada. Montado o projeto, a empresa poderá vender o papel.
O Brasil precisa implementar programas de redução de gases e o agronegócio será um dos maiores beneficiados. Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura, afirmou ontem, em seminário sobre o mercado de carbono na BM&F, que só o agronegócio poderá receber US$ 160 milhões por ano com esses projetos.
O setor ainda precisa de definições, o que não é fácil, diz o ministro. Mas essas definições são necessárias para uma maior credibilidade nas negociações. Rodrigues cita um exemplo: "Quanto uma tonelada de cana seqüestra de carbono?". "Isso precisa ser estabelecido", acrescenta.
Já o secretário paulista de Meio Ambiente, José Goldemberg, diz que há muitas informações incorretas no setor. E inclui nessa lista o presidente dos EUA, George W. Bush, "que deveria se manifestar apenas sobre política", diz ele.
Para o professor Gylvan Meira Filho, os destinos de Kyoto começam a ser definidos nesta semana na Escócia. Se as declarações sobre os efeitos do aquecimento global forem fracas, os valores atuais das negociações com base no protocolo permanecem estáveis. Do contrário, sobem. (MZ)
FSP, 05/07/2005, Dinheiro, p. B7
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