VOLTAR

Construção de aterro sanitário preocupa moradores

Jornal DAqui - www.jornaldaqui.com.br
07 de Out de 2010

Algumas entidades da região estão se mobilizando contra o aterro sanitário que será construído em Cotia. O assunto já foi discutido no ano passado na ocasião em que foi divulgado o local pretendido à construção do aterro, por meio de um Decreto do prefeito Carlão Camargo. A área em questão fica na Estrada do Tabuleiro Verde, no bairro Tijuco Preto, que fica próximo à Reserva Florestal do Morro Grande.

O local foi estabelecido no decreto n 6664 de 30 de julho de 2009, que, em 06 de janeiro de 2010, foi revogado pelo Decreto 6766. Porém, em 06 de maio deste ano, o decreto 6846 revogou o decreto 6766 que anulava a determinação do local do aterro, com isso foi restabelecida a vigência do primeiro decreto, ou seja, fica mantido o local do aterro sanitário.

O terreno em que se pretende construir o aterro tem área de 278.775,45 m², o decreto declara a área de utilidade pública para fins de desapropriação.

No Decreto 6846 que restabelece o local, há como anexo um relatório técnico elaborado pela arquiteta e urbanista da Secretaria Municipal de Habitação e Urbanismo, Luciane Regis Laraia Alegre, o relatório encontra-se no Paço Municipal e pode ser consultado pela população.

O aterro será construído por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), a empresa ENOB Engenharia Ambiental venceu a concorrência pública. A empresa é a mesma que faz a coleta de lixo na cidade atualmente.

Entidades são contrárias à construção do Aterro no Tijuco Preto

Conversamos com o Sr. Wlad Farias, diretor presidente da Associação Ecoexistir, entidade que faz parte do Coletivo de ONGs da Região Oeste da Grande São Paulo (GO Verde).

Segundo ele, as entidades participantes do GO Verde são contra o aterro na Estrada do Tabuleiro Verde, em razão do local estar a menos de 2 km da reserva do Morro Grande, em uma área de mananciais que fazem parte do sistema de abastecimento da Região Oeste da Grande São

Paulo. Farias explica que a possibilidade de contaminação poderá comprometer a qualidade de vida de mais de 600 mil habitantes da região e defende que o local é um corredor natural da fauna que circula nas regiões de Mata Atlântica do Morro Grande, unindo vários outros biomas em outros municípios. "Os animais precisam circular nestes corredores porque graças a eles, a recomposição da flora se dá de forma natural. O rompimento deste importante elo comprometerá a continuidade de desenvolvimento e recuperação da mata e consequentemente da própria vida da flora".

Para Farias, existem locais mais apropriados para a implantação do aterro sanitário, onde o comprometimento ambiental é menor. "Um deles, por exemplo, pode ser até mesmo o próprio aterro do Caputera, desativado, que precisa ser devidamente encerrado, mas cujos terrenos adjacentes podem comportar um novo aterro", completa.

As entidades que fazem parte do GO Verde iniciaram um abaixo assinado, que obteve mais de 9.000 assinaturas de pessoas contrárias à implantação do aterro sanitário, coletadas por membros da própria comunidade do entorno. Além disso, juntamente com as associações de bairro e outras, as entidades vão enca-beçar, como proponentes da ação junto ao Ministério Público, a instauração de um processo para impedir que no local seja instalado qualquer empreendimento que possa colocar em risco o meio ambiente.

Posição da Prefeitura

Conversamos com José Lopes Filho, secretário de Habitação e Urbanismo, e de acordo com ele, a área foi prospectada por uma empresa ambiental contratada. "A prospecção dessa área não significa que o aterro sanitário será implantado efetivamente no terreno, a empresa que venceu a licitação para construir o aterro e cuidar da destinação do lixo na cidade tem que fazer toda a análise e licenciamento ambiental com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e deve seguir os critérios técnicos", frisou o secretário.

Lopes Filho chama a atenção para o fato de que Cotia é uma cidade em que sobram poucas áreas para se trabalhar, pois existem áreas com limitações ambientais e outras densamente povoadas. "No meio do município existe a Reserva Florestal do Morro Grande, na região de Caucaia tem uma APA (Área de Proteção Ambiental), a área do Caputera [local em que ficava o antigo lixão] é área de manancial, o lixão foi interditado por essa razão", completa.

Segundo o secretário, se não puder ser nessa área, terá que encontrar outra, pois o problema do lixo na cidade tem de ser resolvido.

Coleta de Lixo em Cotia

A destinação do lixo em Cotia vem sendo um problema há muito tempo, antigamente os resíduos coletados eram levados para um lixão no Caputera, mas o local foi interditado em 2004. Atualmente, o lixo coletado na cidade é levado para um aterro sanitário em Itapevi.

Entidades do GO

Fazem parte do GO Verde as seguintes entidades: PROAM, AMARRIBO, MDGV, Floresta dos Unicórnios, Transition Towns Granja Viana, Ecoexistir, Rancho dos Gnomos, Projeto Âncora, Voto Consciente, Autonomia Libertária, Resgate Cultura, Calangos da Mata, Sociedade Ecológica e IBIOCA.

http://www.jornaldaqui.com.br/materia.php?id_artigo=3351&id_categoria=12

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.