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Consorcio de fazendeiros pagou crime, suspeita policia

OESP, Nacional, p.A5
24 de Fev de 2005

Consórcio de fazendeiros pagou crime, suspeita polícia
Depoimento de acusados indica que Vitalmiro entregaria apenas parte do dinheiro

ALTAMIRA - O assassinato da missionária Dorothy Stang, em Anapu (PA), pode ter sido encomendado por um consórcio de fazendeiros da região. Um detalhe nos depoimentos de Rayfran Sales e Clodoaldo Batista, que confessaram o crime, está levando os investigadores das Polícias Federal e Civil a ampliar o leque de suspeitos além do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, que teve prisão preventiva decretada como mandante e continua foragido.
Nos dois depoimentos que deram aos delegados, promotores e procuradores federais que investigam o caso, Rayfran e Clodoaldo declararam que o capataz de Vitalmiro, Amair Feijoli da Cunha, o Tato, prometeu "arrumar R$ 50 mil" depois da morte da missionária. Mas, na noite seguinte ao crime, o capataz foi ao encontro dos dois assassinos, que estavam escondidos em um matagal, e avisou que iria pegar apenas R$ 10 mil com Vitalmiro, insinuando que o restante do dinheiro seria entregue depois. Quando Tato voltou à fazenda, Rayfran comentou com Clodoaldo que não iria aceitar receber apenas parte do valor prometido.

A insatisfação de Rayfran com a quebra do compromisso foi confirmada na acareação entre ele e Clodoaldo. Se Tato iria arrumar apenas R$ 10 mil com Vitalmiro, de onde viriam os outros R$ 40 mil prometidos? Apesar de ter quase 3 mil cabeças de boi nos pastos das suas duas fazendas de 3 mil hectares, Bida não possuía R$ 50 mil na conta bancária nem conseguiria arrumar sozinho o dinheiro prometido, pois se vendesse os bois apressadamente perderia dinheiro e deixaria pistas. Tato continua negando que tenha participação no crime, mas já foi indiciado por homicídio qualificado e está preso na penitenciária de Altamira.

Depois do assassinato, dia 12, Rayfran e Clodoaldo fugiram para a fazenda de Bida onde esconderam a arma. Lá ficaram até às 8 horas da noite de domingo quando receberam R$ 50 do capataz Tato para fugir.

DONO DA ARMA

Os policiais civis aguardam o resultado de pesquisa que está sendo feita pela Secretaria de Segurança do Pará para saber quem é o dono do revólver calibre 38 usado por Rayfran para matar Dorothy com seis tiros à queima-roupa. "Identificar o proprietário da arma será o elo material entre os executores e o mandante do crime", disse o delegado Waldir Freire.

Começa hoje em Anapu a reconstituição do crime que, por ter muitos detalhes, em local de difícil acesso, com vários participantes e testemunhas, deve demorar dois dias, segundo previsão dos delegados.

A polícia caça Vitalmiro em todo o Pará, em Goiás, Mato Grosso e até Estados mais distantes. A pressa é que o prazo para encerrar os inquéritos termina domingo, já que existem três presos e a lei prevê este trâmite para as investigações.

OESP, 24/02/2005, Nacional, p.A5

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