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Confusão em Mato Grosso do Sul

CB, Brasil, p.16
08 de Jan de 2004

Confusão em Mato Grosso do Sul

Soldados da Polícia Militar e agentes da Polícia Federal foram chamados ontem para tentar conter a tensão entre caiovás-guaranis e fazendeiros, no extremo-sul de Mato Grosso do Sul. De manhã houve troca de insultos entre índios e fazendeiros. As equipes de policiais e integrantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) foram para a área em conflito no início da tarde e deverão retornar hoje pela manhã.
Segundo informações que chegaram à administração regional da Funai, com sede em Amambai, cidade vizinha à Iguatemi e Japorã, divisa com o Paraguai, os índios estariam fortemente armados. Além de flechas, tacapes, facões e foices, eles estariam portando revólveres e espingardas.
Desde o dia 22 de dezembro do ano passado, seis propriedades rurais foram invadidas pelos indíos da Aldeia Porto Lindo, situada em Iguatemi, e índios do Paraguai. O objetivo é ocupar 12 imóveis rurais em volta da aldeia, que possui 1.600 hectares, até atingir 9.400 hectares. Essa é a área considerada terra dos caiovás-guaranis por antropólogos da Funai.
Os proprietários que ainda não tiveram suas terras ocupadas pelos índios estão em estado de alerta. A Superintendência Regional da Polícia Federal, em Campo Grande, recebe três relatórios diários sobre a movimentação indígena em Iguatemi e Japorã.

Ônibus fretados
Os índios chegaram a pelo menos duas das fazendas invadidas em ônibus fretados. Nas outras utilizaram cavalos, conforme queixas prestadas pelas vítimas na Delegacia Regional da Polícia Civil de Naviraí.
O chefe do Patrimônio e Meio Ambiente da Funai, Cleomar Vaz Machado, disse que o órgão apóia as reivindicações dos índios sobre a retomada de terras dos antepassados. Mas não com violência, ressaltou. Ele lembrou que não existe nenhum pedido oficial reivindicando os imóveis rurais que estão dentro da suposta reserva indígena.
O processo para desapropriar as fazendas que ficam perto da Aldeia Porto Lindo está ainda no primeiro passo, faltando muitas etapas até a homologação, que é feita pelo presidente da República. Isso pode levar meses ou até anos, diz Machado.

CB, 08/01/2004, p. 16.

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