Começa hoje a Semana dos Povos Indígenas no Maranhão

O evento acontecerá nos dias 17, 18 e 19 e discutirá a situação dos povos indígenas no Estado

A diversidade cultural é uma marca do nosso país. Essa característica se dá, principalmente, do casamento perfeito entre os três povos matrizes que engendraram o brasileiro: o branco, o negro e o índio. Porém, dentro das suas particularidades, esses três povos são bastante distintos. Exatamente com o intuito de refletir sobre essas diferenças e discuti-las com a sociedade que a Semana dos Povos Indígenas chega a sua sexta edição em 2013.

Com o tema Evidenciando as características multiculturais do Estado do Maranhão, a Semana dos Povos Indígenas, este ano, dará enfoque na questão cultural, na qual os indígenas serão os protagonistas. O evento tem o objetivo de proporcionar um espaço de debate aos participantes, possibilitando aos descendentes diretos dos primeiros habitantes do território do nosso país a exposição de suas práticas, tradições e de suas formas de conviver com o mundo natural e espiritual.

"Infelizmente a população do Maranhão, em geral, não tem muito acesso, de forma direta, a cultura indígena. Isso é ruim porque empobrece a sociedade e alimenta preconceitos. A Semana dos Povos Indígenas vem exatamente para fazer essa ponte, essa aproximação", avalia João Damasceno Figueiredo Júnior, Coordenador do Setor de Etnologia e Museologia do Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão e um dos organizadores da Semana. João Damasceno comentou que outros Estados do país já reconheceram a importância de movimentos que sustentam a relação do índio com o homem da cidade. O Estado do Mato Grosso já institucionalizou uma semana dedicada aos índios no calendário anual.

Muitas questões precisam ser discutidas e conhecidas em relação aos índios pela população maranhense. Segundo o IBGE, são mais de 35 mil vivendo no Estado em aldeias; sem contar a população indígena que já vive nas cidades, que já supera a população que habita as aldeias. A região centro-sul do Estado, que engloba as cidades de Barra do Corda, Montes Altos, Amarante do Maranhão, Grajaú, entre outros, é onde existe a maior concentração de índios no Maranhão. Povos indígenas como o Guajajara - Tenetehara (maior grupo indígena do Estado e a terceira maior população indígena no país), Urubu - Ka'apor, Awá - Guajá, Krikati, Gavião, Canela, Timbira, Kreniê são alguns que estão presentes no Estado.

Demarcações Territorias

Com números tão significativos, as questões dos povos indígenas se tornam questões do povo maranhense em geral. Segundo a antropóloga e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Elizabeth Coelho, as demarcações territoriais institucionalizadas pelo governo federal garantem segurança e legitimam o direito dos povos indígenas. Todavia, as políticas públicas não são o suficiente e, às vezes, são implantadas de forma equivocada. "As escolas, dentro das aldeias, muitas vezes atrapalham o desenvolvimento daquela população. Porque, além de modificar a rotina natural do ambiente, não existe nenhuma identificação, por parte dos índios, com o que é ensinado. É o caso do povo Awá - Guajá no Maranhão", explica a antropóloga que participará de uma mesa redonda sobre as questões territoriais indígenas.

Uma vasta programação foi preparada para os três dias do evento, que contará com o apoio intelectual de autoridades indígenas e estudiosos. Várias atividades, como mesas redondas, feira de artesanato e exposição do acervo arqueológico, mostra de vídeos, oficinas temáticas de pintura corporal, minicursos sobre os mitos e língua, entre outras, foram elaboradas pela a organização do evento. Todas abertas gratuitamente ao público.

A abertura da Semana acontecerá no Teatro Alcione Nazaré, as 08h30min da manhã. Contará com a presença da cantora indígena Djuena Tikuna, que apresentará o hino nacional brasileiro na língua Tikuna.

Homenageada da Semana

O evento homenageará a maranhense Sônia Guajajara. A jovem é uma das lideranças de maior destaque na atualidade em nível nacional. Hoje em dia, Sônia exerce o cargo de vice-coordenadora geral da Coordenação das Organizações indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB, ocupando um cargo na diretoria da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil - APIB, que é a maior instância política do movimento indígena no país. Recentemente Sônia chamou a atenção da mídia especializada na conferência da ONU para o meio ambiente em Cancun no México. Ela é militante há mais de duas décadas.

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