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"Com lei, sem a lei, apesar da lei e contra a lei, os povos indígenas sempre estarão na luta"

Cimi- http://www.cimi.org.br
18 de Ago de 2016

"O encontro reforçou aquilo que demais precioso os povos indígenas possuem: seus jovens, que continuarão a luta dos mais velhos pela Terra Sem Males. Também foi um momento de intercâmbio: se nas décadas de 70 e 80 ocorriam as Assembleias Indígenas, onde os povos se conheciam e trocavam experiências, hoje a juventude faz algo semelhante".

As palavras de Ângelo Bueno, missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), resumem o Encontro da Juventude Indígena do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará e Amapá ocorrido entre os dias 11 e 14 de agosto, em Manaus (AM). Às voltas com problemas dos mais variados na Amazônia, os jovens se debruçaram sobre discussões envolvendo "grandes projetos de morte", caso do REDD, mega empreendimentos, grilagem de terras, invasão madeireira nos territórios, agronegócio e a exploração petrolífera.

"Projetos estes que afetam diretamente o modo de vida de nossos povos, violando nossos direitos, através das criações das PEC 215/00, PEC 409/01, PEC 2540/06, PL 1610/96, PL 4059/12, PL 490/07, PL 2057/91, PL 4750/12 e o Marco Temporal que vem nos atacando nesses últimos tempos", diz trecho da Carta Aberta do encontro. Outra ponto discutidos pelos jovens é a afirmação dos costumes e crenças diante do Estado e da sociedade que a todo momento os interpela negando a eles tais direitos.

"Atualmente estamos sofrendo violências e violações de nossos direitos constitucionais. Buscamos justiça pela vida, fortalecendo nossos costumes, crenças e tradições protegendo nossas terras e territórios", diz outro trecho da Carta, que pode ser lida na íntegra abaixo:

CARTA ABERTA DOS JOVENS INDÍGENAS DA AMAZÔNIA

"Com lei, sem a lei, apesar da lei e contra a lei, os povos indígenas sempre estarão na luta" (Povos Indígenas do Norte).

Nós juventude indígena Macuxi, Puruborá, Tembé, Karajá, Kayapó, Jaminawá, Mayoruna, Mura, Dessana, Galibi Marworno, Deni, Kaxinawa, Arapiun, Munduruku, Wapichana, Arara e Maraguá, dos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará e Amapá, nos reunimos entre os dias 11 a 14 de agosto de 2016, no Centro de Formação Xare, Manaus - AM, no Encontro da Juventude Indígena com a presença dos parceiros do Conselho Indigenista Missionário - CIMI, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB e da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira - UMIAB, com objetivo de compartilhar experiências, vivências nas nossas aldeias e socializar nossas lutas.

Nós juventude indígenas trouxemos nossas realidades e desafios vivenciados em nossos territórios que não são poucos, que às vezes nos desanimam, mas que pelo contrário nos fortalece para defender os nossos Direitos originários garantidos pela Constituição Federal de 1988.

A Amazônia, atualmente é palco de grandes projetos de morte como: REDD, Mineração, Hidrelétricas, Agronegócio, Madeireiros, Petroleiros, Grileiros, projetos estes que afetam diretamente o modo de vida de nossos povos, violando nossos direitos, através das criações das PEC 215/00, PEC 409/01, PEC 2540/06, PL 1610/96, PL 4059/12, PL 490/07, PL 2057/91, PL 4750/12 e o Marco Temporal que vem nos atacando nesses últimos tempos.

Nós jovens indígenas de diferentes povos da Amazônia Brasileira, fortalecidos pela nossa união, por meio do intercâmbio de saberes tradicionais entre os diferentes povos, principalmente com os mais velhos, estamos aqui reafirmando nosso compromisso e responsabilidade de dar continuidade as nossas lutas no que se refere a questão Territorial, Educação e Saúde, já iniciadas por nossos antepassados.

Atualmente estamos sofrendo violências e violações de nossos direitos constitucionais. Buscamos justiça pela vida, fortalecendo nossos costumes, crenças e tradições protegendo nossas terras e territórios. Não queremos a criminalização das nossas Lideranças, a exploração de nossas terras, rios, florestas e lagos, denunciamos o massacre dos nossos povos, e a postura colonialista do governo e do Estado.

Assim gritamos juntos: "Estamos aqui, estamos vivos, nós somos, vivemos nossas culturas, somos povos , nossa existência está aqui ainda, temos nossa força, não são vocês que vão nos derrubar, viemos para somar, pois juntos somos mais" (Romário Puruborá).

http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=8874

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