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Colonização acelera fim da agricultura indígena na Amazônia

Amazônia Real- http://amazoniareal.com.br
Autor: Renan Albuquerque
21 de Jul de 2014

Artigo recente publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) ressalta que a chegada de doenças europeias na região americana depois que Cristóvão Colombo atravessou o oceano Atlântico em 1492 foi um fator extremamente preponderante para a aceleração do crescimento de florestas em função da morte de populações indígenas que utilizavam a região para agricultura.

As "descobertas [dos pesquisadores que escreveram o artigo na PNAS] sugerem que, em vez de ser uma floresta de caçadores-coletores, ou de desmatadores de florestas em grande escala, os povos da Amazônia de 2.500 a 500 anos atrás eram agricultores", disse a Universidade de Reading em um comunicado, reproduzido em artigo para o Amazônia Livre a partir do Jornal da Ciência(1).

O artigo é importante para destacar questões relacionadas ao uso da força contra nações tradicionais - as quais atualmente ainda estão sendo noticiadas de maneira efetiva no nosso Brasil, por exemplo(2).

Uma importante ênfase tende a repousar no fato da agricultura produzida por populações primitivas, indígenas, ter sido dizimada após entraves armados com colonizadores. Uma problemática histórica de grandes proporções.

Na Amazônia brasileira, essa perspectiva tem sido estudada na medida em que se percebe a mudança do uso do solo no bioma. Uma mudança que transformou não apenas a tipologia da comida e seus usos, mas também mexeu com a rede multiétnica de troca de alimentos, a concorrência por produção para a subsistência e a cooperação para a manutenção de aldeamentos em territórios compartilhados e similares.

O estudo aponta ainda indicações efetivas de que a floresta amazônia teria sido uma área nem sempre densa, mas sim com projeções de savana e lavrado, sendo que esses espaços de floresta mais rasteira teriam sido vastas áreas em que havia plantações regulares. Uma perspectiva desafiadora do senso científico mais aceito até então, o qual ressalta que indígenas são, por essência, coletores e extratores florestais.

A pesquisa, realizada com extrema competência e vigor correlacional, vislumbra uma oportunidade para se conhecer melhor a história social e a antropogênese de povos primitivos do bioma Amazônia, que povoaram a região americana do sul de maneira ampla desde tempos imemoriais.

A constituição identitária dessas pessoas e suas asserções familiares, interpessoais, espirituais e afetivas são implicações inerentes, as quais auxiliam na percepção de que há muito mais a saber para se pensar a floresta e suas dimensões do que acreditam políticos oportunistas, partidos obtusos e projetos desenvolvimentistas.

A ciência, nesse âmbito, deveria ser o ponto de partida para diálogos referentes a políticas públicas, mas isso não ocorre. O que se tende a notar são planos malversados ou desavisados sobre a multidiversidade étnica e linguística na região. Se parte da história fosse considerada, muitos erros não se repetiriam.

Todavia, infelizmente a realidade é outra e o notável são as repetições de violência contra povos tradicionais de diversos matizes.

NOTA

(1) Também reproduzido por: O Globo/Reuters. http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/florestaamazoni….

(2) Ver colunas anteriores do autor neste mesmo espaço, referentes a temáticas voltadas a indígenas Tenharim (sul do Amazonas) e Waimiri-Atroari (Amazônia Central).

http://amazoniareal.com.br/colonizacao-acelera-fim-da-agricultura-indig…

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