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Clima: Brasil deve ser mais cobrado

O Globo, Ciência, p. 30
30 de Jan de 2009

Clima: Brasil deve ser mais cobrado
Para especialistas, EUA vão querer metas de redução de emergentes

Carlos Albuquerque

Com os EUA novamente na mesa de discussões sobre mudanças climáticas, o Brasil deve se preparar para debater propostas de metas concretas de reduções de emissões de gases do efeito estufa na próxima reunião da ONU sobre clima, em Copenhague, no fim do ano. Para especialistas, esse é o "efeito Obama", já que, sob a liderança do novo presidente, a delegação americana deve se mostrar disposta a cortar suas próprias emissões - algo que o governo Bush sempre se recusou a fazer - e cobrar o mesmo dos outros países, incluindo uma postura mais clara daqueles em desenvolvimento.

- O governo brasileiro não vai gostar de discutir sobre reduções, mas deve se preparar para isso - diz o climatologista Jose Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e um dos representantes do Brasil no Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC). - Os EUA devem cobrar reduções da China, o maior poluidor do mundo. E, se vão cobrar da China, não devem deixar de cobrar também do Brasil e da Índia, por exemplo.

País está em situação privilegiada
Para o pesquisador Carlos Nobre, do Inpe e um dos maiores especialistas do mundo em Amazônia, as cobranças ao Brasil devem realmente aumentar, mas isso não chega a ser uma má notícia.

- Os emergentes devem ser mais cobrados, faz parte do jogo. E realmente é importante que eles indiquem claramente que estão dispostos a colaborar com o esforço mundial para deter o aquecimento - explica Nobre. - Mas o Brasil está numa posição excepcional, já que possui capacidade de reduzir suas emissões sem deter seu crescimento, que é o ponto nervoso dessa questão.

Para isso, diz ele, o Brasil tem que deter o desmatamento, implementando o Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

- Assim, podemos chegar a 2020 com uma redução de emissões de até 30% em relação aos índices de 1990, um meta que os europeus nem sabem se conseguirão atingir.

O Globo, 30/01/2009, Ciência, p. 30

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