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Centro-Oeste é a nova fronteira para o ouro

O Globo, Economia, p. 33
21 de Nov de 2011

Centro-Oeste é a nova fronteira para o ouro
Projetos na região podem ampliar a produção nacional em mais de 10%

Vivian Oswald
vivian.oswald@bsb.oglobo.com.br
Enviada Especial

CRIXÁS (GO) e BRASÍLIA. O mapa das minas de ouro no Brasil do século XXI começou a ganhar novos contornos nos últimos anos e voltou a ter projetos de vulto como no passado. A região Centro-Oeste despontou como uma das mais promissoras do país e já acumula quase a metade das lavras em atividade hoje. Sozinho, o estado do Mato Grosso detém 22,4% das 2.819 minas em operação, enquanto Goiás vem logo em seguida, com 20,9%. Em apenas dois projetos novos nestes dois estados, a gigante canadense Yamana Gold deve tirar quase sete toneladas de ouro por ano. Trata-se de um incremento potencial de mais de 10% à produção nacional, estimada pelo governo em 62 toneladas.
A partir de 2012, as minas de Ernesto e Pau-a-Pique, no Mato Grosso, devem começar a produzir 3,1 toneladas/ano em uma das novas plantas da companhia, enquanto em Pilar de Goiás, Norte do estado, esperam-se outras 3,73 toneladas já em 2013. Aos poucos, a paisagem deste município goiano, vizinho de Crixás - onde a sul-africana AngloGold tem a unidade de Serra Grande, da qual extrai 2,39 toneladas/ano - vai mudando de cara.
A prosperidade parece ter chegado à cidade junto com os investimentos da companhia canadense. As mudanças se confirmam pela qualidade do comércio, bem superior a das vizinhas que se veem da estrada. A expectativa é que a renda da população continue subindo, tendo em vista que boa parte da mão de obra que está sendo usada na nova planta é local e deverá aquecer ainda mais as vendas de produtos e serviços.
Governo admite dificuldade em fiscalizar as áreas
Dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) mostram que o Norte do país é outra fronteira importante que começa a ser explorada pelas empresas que, com equipamentos de alta precisão e tecnologia, chegam aonde os garimpeiros artesanais não conseguem. Áreas até então intocadas devem produzir em breve toneladas de ouro.
No estado de Tocantins, já são 160 minas em operação. Há outras 117 em Rondônia, 77 no Amazonas, 21 no Amapá e 18 em Roraima. Ainda não há nada contabilizado oficialmente no Acre, o único ente da Federação que ainda não tem minas registradas, além do Distrito Federal.
Nessas regiões amazônicas mais afastadas, garimpos de pequeno porte, em geral ilegais, se estabelecem, mas não dispõem de tecnologia suficiente para usufruir de todo o potencial da área de maneira sustentada, como quer o governo. Extraem ouro superficial que, na maioria das vezes, sai do país por contrabando. Não há estimativas sobre o volume vendido por garimpos ilegais. O governo admite dificuldade em fiscalizar as áreas.
Diferentemente do que aconteceu em outros países, o auge da extração de ouro no Brasil baseou-se nos garimpos, que já responderam por 90% da produção nos anos 80. Em 1988, o país produziu um recorde de 113 toneladas, com reforço considerável de Serra Pelada, colocando-se na quinta posição global.
Depois disso, a produção registrou uma queda expressiva, haja vista as oscilações naturais da atividade garimpeira, as dificuldades técnicas de se lidar com escavações subterrâneas, a queda das cotações internacionais do ouro e a incapacidade das empresas em ocupar a parcela do mercado que havia sido abandonada pela informalidade.
Os estados com o menor número de minas em operação no país, segundo o DNPM, são Ceará (5), Alagoas (6), Piauí (3) e Sergipe (1). Mas isso não quer dizer que não tenham reservas. Empresas de grande porte garantem que novas fronteiras para o ouro podem ser desbravadas ali. Muitas já solicitaram permissão do governo para estudar a região e, no futuro, implantar projetos de extração.
- Os estudos continuam. Há ouro em estados próximos. As novas tecnologias podem ajudar a encontrá-lo - disse ao GLOBO o pesquisador de uma mineradora internacional.
Tradicional região mineradora, Minas Gerais mantém grandes projetos e tem 295 minas em atividade. Em São Paulo, há 18, e no Rio, 12, segundo o DNPM.

O Globo, 21/11/2011, Economia, p. 33

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