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Caciques elogiam e pedem continuidade do Programa Pantanal

Dourados News-Dourados-MS
Autor: João Prestes
26 de Out de 2005

Os caciques de 36 aldeias dos povos guarani-kaiowa, guató e terena, todas localizados na Bacia do Alto Paraguai, que estiveram reunidos ontem no Hotel Chácara do Lago, em Campo Grande, avaliaram de forma positiva e pediram continuidade das ações para implementar todos os projetos propostos no Programa Pantanal para atender as comunidades indígenas da região. No encontro a equipe do Programa de Combate à Fome em Comunidades Indígenas, módulo do Programa Pantanal, apresentaram o resultado do trabalho que vem sendo desenvolvido nos últimos três anos "e que ajudou a mudar a realidade das aldeias atendidas", assegura a coordenadora Yuri Matsunaka.

secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, José Elias Moreira, e do coordenador estadual do Programa Pantanal, Job Abrão, estiveram na abertura - na noite da segunda-feira - e no encerramento do encontro, que aconteceu na noite de ontem, com os ritos tradicionais das nações guarani e terena, apresentações de dança e muita música regional.

Os caciques não ouviram apenas; sobretudo apresentaram a avaliação de cada aldeia ao trabalho dos técnicos, traçaram um panorama da realidade em que viviam, do que mudou e da perspectiva que têm caso seja possível implementar todas as ações propostas nos diagnósticos locais realizados.

O Programa de Combate à Fome em Comunidades Indígenas compreendeu o investimento de R$ 1 milhão de recursos do Programa Pantanal. Primeiro foram levantados os problemas de cada uma das 41 aldeias (diagnóstico), quer seja do ponto de vida econômico, cultural e ambiental, e em seguida apresentadas as soluções. "Ficamos apenas nas ações emergenciais", ressalta Yuri, lamentando a interrupção do programa por parte do governo federal.

As ações emergenciais objetivavam o combate à fome, fantasma que rondava as aldeias da Bacia do Paraguai e que assola as comunidades indígenas da outra metade do Estado, na Bacia do Paraná. Nesse sentido, obedecendo a estudos técnicos, foi devolvida a fertilidade ao solo de 1,8 mil roças com aplicação de três mil toneladas insumos corretivos. Cerca de 1.550 produtores aprenderam técnicas modernas de cultivo e manejo de pragas, ganharam ferramentas (1.887 enxadas, 1.888 foices, 1.509 enxadões, 1.885 limas e 994 matracas) e sementes (52,1 quilos de sementes de feijão, 47,5 quilos de milhos e 30,2 quilos de leguminosas).

Nas etapas seguintes deveriam ser implantados projetos de geração de renda em cada aldeia, seguindo as especificidades locais já diagnosticadas nos estudos realizados na fase preliminar. "Ficamos apenas nos projetos de criação de pequenos animais", explica Yuri. Foram adquiridos e entregues 49 suínos (seis machos e 43 fêmeas) da raça sorocaba, mais rústica e ideal para as condições, e 500 pintos caipiras em três aldeias guaranis.

Os caciques cobram a continuidade dos projetos: abertura de curva de níveis, conclusão da incorporação de calcário, mais sementes agroecológicas (que permite o replantio), reflorestamento sobretudo das margens e nascentes dos rios, formação de pomares e a implementação de projetos de piscicultura, apicultura, aproveitamento de frutas e o desenvolvimento dos selos cultural e orgânico para diferenciar e valorizar os produtos das aldeias.

"A presença da assistência técnica agrícola também foi muito requisitada", aponta Yuri. Apesar do muito que falta, as ações já desenvolvidas foram festejadas pelos técnicos do programa e caciques presentes ao encontro. O cacique Jorge Gomes, da Aldeia Piracuá (Bela Vista), não ficou apenas nas palavras: trouxe amostras do que sua comunidade produz, como feijões, leguminosas e frutas, e entregou aos representantes da Sema. "Isso que é segurança alimentar", ensinou.

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