VOLTAR

Cacique admite guarda armada em reserva

Pioneiro (RS) - http://www.clicrbs.com.br/pioneiro/
Autor: Leandro Becker e Marielise Ferreira
14 de Out de 2010

Área indígena foi alvo de operação policial

Nonoai - Um dia depois de ser solto após operação policial apreender armas ilegais, no norte do Estado, o cacique José Orestes do Nascimento, o Zé Lopes, 60 anos, admitiu que mantém uma guarda armada para proteger a reserva Bananeiras, no norte do Estado.

Em entrevista para a Agência RBS, Zé Lopes afirmou que 18 homens espalhados por diferentes aldeias usam arsenal deixado por caçadores quando flagrados nos 38 mil hectares de área. O líder reconhece que parte do armamento pode ser irregular.

- Se é errado proteger os os animais, as árvores e a reserva, vamos cometer sempre esse tipo de crime. Não vou arriscar a vida dos meus índios, inclusive tomando tiro por aí, para depois entregar tudo de mão beijada na delegacia - justifica.

Segundo a Polícia Federal, os índios não podem reter armas nem usá-las para fazer a defesa de território. Para obterem porte, devem preencher os requisitos legais, incluindo comprovação da necessidade de uso, ter condições psicológicas e atender a critérios técnicos.

- É comum que a liderança indígena tenha armas, até para tentar manter sua autoridade. Há comunidades com o costume de terem uma polícia própria, com divisões hierárquicas e até prisões - afirma o delegado Paulo César Bulgos de Andrade.

A declaração de Zé Lopes é mais um ingrediente na polêmica que se intensificou na segunda-feira, com a apreensão de oito armas na reserva e a detenção de três pessoas.

Zé Lopes foi encaminhado para a prisão em Sarandi e foi solto após o advogado ingressar com pedido de liberdade provisória dele e do filho Gélson do Nascimento, 37 anos. Na terça-feira à noite, o juiz David Reise Gasparoni deferiu o pedido porque o delito não teria sido cometido com violência ou grave ameaça (leia entrevista).

O retorno do cacique à reserva aconteceu à 1h de ontem, garantindo a liberação da rodovia entre Gramado dos Loureiros e Planalto (ERS-324), bloqueada totalmente por 22 horas e parcialmente por mais sete horas desde segunda-feira.

A apreensão das armas foi resultado de uma investigação que começou com o assalto ao posto avançado do Banrisul ocorrido em junho em Gramado dos Loureiros, com duas mortes.

Procurado pela Agência RBS, o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) na região de Passo Fundo, Adir Reginatto, preferiu não se manifestar por não estar a par da situação. Na noite de ontem, a Agência RBS tentou contato com o Ministério Público Federal, mas nenhum procurador foi encontrado.

http://www.clicrbs.com.br/pioneiro/rs/impressa/11,3074003,157,15695,imp…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.