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Brasileiro é novo relator da água na ONU

OESP, Metrópole, p. A18
07 de Nov de 2014

Brasileiro é novo relator da água na ONU
Pesquisador mineiro substitui portuguesa que criticou governos Dilma e Alckimin; ele assume cargo em 2015 para mandato de 3 anos

Jamil Chade - O Estado de S. Paulo

O novo relator das Nações Unidas para o Direito à Água e ao Saneamento é o brasileiro Leo Heller. A partir de 2015, ele vai substituir a portuguesa Catarina Albuquerque, que, após dois mandatos, envolveu-se em uma série de crises diplomáticas com Estados brasileiros e com o governo Dilma Rousseff por causa de críticas à gestão de recursos hídricos. Heller foi escolhido pela ONU para atuar como o "fiscal" que vai exigir dos países a garantia da oferta de água e saneamento às suas populações.
Após seis anos, Catarina é obrigada a deixar o cargo - cada mandato dura três anos. Ao Estado, ela revelou que defendeu a escolha do brasileiro. Sua substituição não é resultado dos atritos com o Brasil.
Acadêmico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Heller teve sua candidatura alavancada por especialistas, relatores e ONGs. O governo surpreendeu outros países por não fazer uma campanha forte. "Foi uma ação protocolar do Brasil, sem grande entusiasmo", disse um alto funcionário da ONU. Assim como Catarina, Heller faz críticas à política de saneamento do País.
No ano passado, Catarina, por exemplo, planejava uma visita ao País quando, de última hora, o governo Dilma retirou o convite temendo a repercussão de sua investigação. O Estado revelou o veto que criou uma crise interna entre ONU e governo. Brasília foi obrigada a rever a decisão e a visita aconteceu em dezembro, mas apenas para constatar a crise de saneamento e água no País.
Quando foi divulgado, o relatório de Catarina revelou que 77 milhões de brasileiros ainda não têm abastecimento de água regular e de qualidade. Ela também apontou que 114 milhões de pessoas não têm "uma solução sanitária apropriada".
Há um mês, Catarina criticou a condução da crise hídrica de São Paulo. Ela acusou o Estado de ser responsável pela falta de água. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) enviou carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para se queixar. Catarina não se retratou.

Críticas. Com ampla experiência no setor, Heller criticou a política do governo brasileiro no setor da água em artigos acadêmicos. Apesar de destacar avanços desde 2007, ele alertou que o modelo de investimento adotado com parcerias público-privadas (PPP) pode não atender os mais necessitados.
No mandato do brasileiro, estará o trabalho de percorrer o mundo para identificar de que forma governos estão agindo para garantir que seus cidadãos tenham acesso à água e ao saneamento. Como Catarina acaba de emitir um informe sobre o Brasil, dificilmente ele voltará a tratar da situação do País.
Heller concorreu com uma americana que, apesar do apoio do mundo desenvolvido, foi preterida pelo brasileiro, visto como mais experiente.

Alckmin diz que o pior da crise da água já passou

Zuleide de Barros

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta quinta-feira, 6, em Santos, que o período mais crítico da estiagem já passou e a crise hídrica está com os dias contados, em razão das providências que estão sendo tomadas pelo Estado. "Já passamos pelo pior período e nem utilizamos a segunda reserva técnica disponível." Alckmin reiterou que o esgoto da Grande São Paulo será tratado para a produção de água, a partir de dezembro de 2015, a fim de reduzir a dependência do Sistema Cantareira. Com a medida, serão produzidos 3 mil litros de água por segundo, suficientes para abastecer 900 mil pessoas.
De acordo com o governador, duas Estações de Produção de Água de Reúso (Epar) serão construídas para, primeiramente, tratar o esgoto e, depois, despejar a água na Represa do Guarapiranga e no Rio Cotia. Segundo o governador, o tratamento é bastante seguro e deve proporcionar 99% de pureza da água.
Questionado sobre a possibilidade de reaproveitamento da água do mar, por meio de dessalinização, o governador disse que foi feito um estudo a respeito, que esbarrou nos custos e na complexidade da medida. "É praticamente inviável."

Temporada. Questionado sobre um eventual desabastecimento de água na Baixada Santista e no litoral, com a chegada dos turistas para as festas de fim de ano e temporada de verão, Alckmin descartou qualquer risco. "A Sabesp investiu em obras de grande porte na região, que vão garantir água para as cidades."

Chuva irregular faz nível de rios oscilar no interior

José Maria Tomazela

O início irregular da temporada de chuvas faz o nível dos rios oscilar no interior de São Paulo. Bastou um dia sem chuva para que o nível do Rio Piracicaba, que chegou a 65 m³/s na segunda-feira, recuasse para 15 m³/s na tarde de ontem. De acordo com a rede de telemetria do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PSC), o Rio Atibaia, que abastece grande parte de Campinas, tinha vazão de 4,4 m³/s no ponto de captação. Na segunda-feira, sob efeito da chuva, a vazão era de 8,2 m³/s.
Em Itu, as chuvas elevaram o nível das Represas do Fubaleiro, Itaim, e São Miguel, mas a concessionária Águas de Itu não fez mudanças no racionamento em 100% da cidade. A alegação é de que o consumo continua alto. Em Salto, as chuvas elevaram em 50 centímetros o nível do Rio Piraí, mas o racionamento também vai continuar.
Em Sorocaba, a Represa do Ferraz encheu, mas a água continua racionada na zona leste. Já em Porto Feliz a elevação no nível do Ribeirão Avecuia evitou, pelo menos por ora, que a cidade adotasse rodízio.

OESP, 07/11/2014, Metrópole, p. A18

http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,onu-escolhe-um-brasileiro-p…

http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,alckmin-diz-que-o-pior-d…

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