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Autor: Gustavo Frasão
06 de Jun de 2014
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou nesta quinta-feira (05), data em que foi comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, o relatório "Histórias de sucesso no âmbito do desmatamento" informando que o Brasil é o País que mais combateu o desmatamento no mundo na última década. O documento fala sobre mudanças climáticas e emissões de gases que provocam o aquecimento global, tópicos em que o Brasil também foi considerado exemplar.
De acordo com o documento, "as mudanças na Amazônia brasileira na década passada e a sua contribuição para atrasar o aquecimento global não têm precedentes". Os autores do relatório disseram que, embora as mudanças estejam no padrão geral da transição florestal, a velocidade como tudo aconteceu, entre 2004 e 2009, "é impressionante".
O desmatamento no Brasil começou a diminuir em 1995 com a criação de áreas protegidas na Amazônia e inclusão de reservas indígenas e Unidades de Conservação (UCs) de uso sustentável. Essa estratégia ganhou ainda mais força a partir de 2002 e tornou-se em uma das principais estratégias adotadas pelo Governo Federal, administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), para combater ações humanas que destruam a natureza. Atualmente, existem 313 UCs federais - Parques Nacionais, Reservas Biológicas (Rebios), Reservas Extrativistas (Resexs) e Florestas Nacionais (Flonas) - sob responsabilidade do Instituto. Essas unidades preservam 64% das espécies ameaçadas de extinção.
O desmatamento, visto no século passado pelas grandes empreiteiras como algo necessário para o desenvolvimento da sociedade, passou a avaliado por ambientalistas, pesquisadores e cientistas como uma forma de destruir e esgotar os recursos naturais que compõe o patrimônio natural dos brasileiros. Durante a semana do Dia Mundial do Meio Ambiente, o presidente do ICMBio, Roberto Vizentin, destacou que preservar a natureza não é obstáculo para crescimento. "Sem um envolvimento correto com a natureza, não há futuro nem para a economia nem para a espécie humana. Precisamos restabelecer essa relação com o meio ambiente", explicou.
Segundo o relatório da ONU, o Brasil inscreveu em 2009 seu plano para reduzir o desmatamento em 80% até 2020 na lei nacional. A redução do desmatamento da Amazônia já trouxe uma grande contribuição no combate à mudança climática, "mais do que qualquer outro país na Terra". As reservas indígenas também desempenham uma função, especialmente importante, na conservação da floresta tropical amazônica.
A atuação do Ministério Público, com ações judiciais que reforçaram a aplicação das leis e a ajuda de sistemas avançados de mapeamento e monitoramento, também foi crucial para o sucesso brasileiro neste quesito. O texto observa ainda que houve acordos com matadouros e exportadores, o que ajudou a identificar os produtores que desmatam.
O relatório dividiu os países analisados em três grupos: o primeiro, onde está o Brasil, é o dos que tiveram sucesso na implementação de programas para reduzir desmatamento e emissões ou para promover reflorestamento. Também integram este grupo Índia, Quênia, Madagascar e Guiana.
Há ainda aqueles países em que os programas não tiveram o resultado esperado, mas mesmo assim foram benéficos. Entre eles estão México, Vietnã e Costa Rica. O terceiro grupo, formado por El Salvador e países da África Central, aborda casos em que o sucesso foi devido principalmente a mudanças socioeconômicas.
"Na década de 1990, o desmatamento (global) consumiu 16 milhões de hectares por ano e foi responsável por cerca de 17% do total da poluição que causa o aquecimento global. Atualmente, o cenário global parece consideravelmente mais favorável. O desmatamento diminuiu 19%, passando para 13 milhões de hectares por ano na primeira década do século 21, graças ao sucesso de variadíssimos esforços de proteção das florestas, que também estimularam as economias e meios de vida locais", diz o documento.
Sobre o relatório da ONU
O relatório foi produzido pela organização Union of Concerned Scientists, nos Estados Unidos, e avalia a preocupação de 17 países em desenvolvimento sobre o desmatamento e emissão de gases prejudiciais ao planeta. Os autores destacam uma queda de 70% nas taxas de desmatamento no Brasil, comparando 2013 com a média obtida entre 1996 e 2005, e observam que cerca de 80% da floresta original ainda existe.
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