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Brasil é 7º mais desigual do mundo. Mortalidade infantil ainda preocupa

O Globo, Economia, p. 20
06 de Out de 2009

Brasil é 7o mais desigual do mundo. Mortalidade infantil ainda preocupa
Renda dos 10% mais ricos é 40 vezes maior que a dos 10% mais pobres

Vivian Oswald

Uma das principais mazelas da sociedade brasileira, a desigualdade ainda assombra os indicadores de bem-estar da população e arranha a imagem do país no mundo. Os 10% mais ricos da população brasileira têm renda 40,6 vezes superior aos 10% mais pobres. Somente sete países entre os 182 analisados pelo Programa das Nações Unidas (Pnud) apresentam resultados piores do que o Brasil neste quesito. No entanto, este ano, mais do que a renda, a expectativa de vida dos brasileiros foi apontada como vilã dos passos lentos de crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Na desigualdade, nem Níger e Serra Leoa, os últimos do ranking do IDH apresentam situação semelhante. No primeiro, os 10% mais ricos ganham 15,3 vezes mais que os 10% mais pobres. No segundo, o valor é de 12,8 vezes. A Namíbia é o país que registra a maior desigualdade (106,6 vezes). Seguida por Bolívia ( 93,9), Comores (60,6), Colômbia ( 60,4), Haiti (54,4) e Panamá (49,9)
Ministério da Saúde contesta dados do Pnud
O governo aponta os dados do crescimento da renda como fator de melhoria na situação social e na redução destas diferenças. O problema do Brasil, para especialistas, é a falta de interação entre as políticas.

- Desde meados da década passada tivemos avanços sobretudo em saúde e educação. Nos últimos dez anos foi na redução das desigualdades. Estamos na direção correta, melhorando a distribuição de renda e crescendo no IDH de longo prazo - disse o diretor-executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), André Urani.

No entanto, entre as famílias 20% mais pobres do país morrem 99 em mil crianças de até cinco anos. A estatística aumenta para 119 óbitos em mil quando tomadas famílias em que as mães são analfabetas. Trata-se de índices africanos, segundo o Pnud. Entre os 20% mais ricos, as mortes caem a 33 por mil.

- A educação é mais determinante do que a renda - ponderou o economista-sênior do Pnud, Flavio Comim.

A mortalidade infantil está no topo das preocupações do Pnud, pois afeta a expectativa de vida, calculada em 72,2 anos no relatório de 2009. O diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde do Ministério da Saúde, Otaliba Libânio, afirmou que a expectativa de vida no Brasil é de 72,57 anos e foi calculada pelo IBGE em 2007. O dado apresentado pelo Pnud é relativo a 2005.

Outro problema, segundo Libânio, foi associar a esperança de vida da população à mortalidade infantil. Para ele, a expectativa de vida da população não tem melhorado principalmente por causa das mortes violentas de jovens.

Para o chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, Marcelo Néri, o foco em transferência de renda da política social precisa ser revisto:
- O Bolsa Família sozinho não é suficiente. É preciso melhorar a oferta do Estado

O Globo, 06/10/2009, Economia, p. 20

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