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Brasil: descobertas mais 23 espécies

O Globo, Ciência, p. 38
30 de Ago de 2006

Brasil: descobertas mais 23 espécies
Expedições em florestas intocadas do Amapá revelam novos animais

Foram onze expedições científicas e mais de dois anos de trabalho. Mas o resultado valeu a pena. As incursões em áreas praticamente virgens do Amapá revelaram a existência de 23 espécies de animais, até agora desconhecidas da ciência, e permitiram a redescoberta de espécies que estavam sem registro no Amapá há algumas décadas.

Entre as mais de 1.700 espécies de animais e vegetais inventariadas, os peixes destacam-se como o grupo com maior número de novas espécies descobertas. Entre as 298 espécies encontradas, dez jamais haviam sido descritas pelos cientistas, uma não havia sido relatada no Brasil, e 30 constituem novas espécies para o Amapá.

Achada possível nova espécie de mamífero

No grupo de crustáceos, os pesquisadores encontraram três possíveis novas espécies, com cinco ocorrências inéditas para o estado. Entre as 438 espécies de aves inventariadas, destaca-se a descoberta de uma nova espécie que pertence ao gênero Myrmotherula e é popularmente conhecida como choquinha.

A riqueza da biodiversidade das áreas pesquisadas também torna-se evidente nos resultados alcançados no estudo dos répteis e dos anfíbios, com a descoberta de oito possíveis novas espécies, três novos registros para o país e mais de 50 para o estado, observando-se ainda a ocorrência de cinco espécies raras. Os pesquisadores registraram ainda uma possível espécie nova de um pequeno mamífero (roedor), que ainda está sob análise de taxonomistas para validação.

Outro destaque é a redescoberta de espécies que há mais de três décadas não eram registradas pelos cientistas nas florestas do Amapá. Destaca-se o lagarto Amapasaurus tetradactylus , cujo último registro de ocorrência no Amapá foi feito há 35 anos.

- O reaparecimento de um animal é digno de comemoração igual a descoberta de uma nova espécie - afirma o especialista Jucivaldo Lima, que participou das expedições.

Os pesquisadores deram ênfase a registros de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, crustáceos e peixes.

- Terminamos a série de onze expedições muito satisfeitos com os resultados dos trabalhos - conta Enrico Bernard, gerente do Programa Amazônia da Conservação Internacional (CI-Brasil) e coordenador do projeto .

As expedições tiveram duração média de 21 dias, e os locais visitados eram de difícil acesso.
- Em todas as viagens tomamos muito cuidado e tivemos uma atenção especial na organização e logística para que nada desse errado. O que eu mais temia era que algo de ruim acontecesse aos pesquisadores, mas, felizmente, isso não ocorreu - diz Bernard.

Ao todo, somando todas as viagens, o grupo formado por mais de oito cientistas de diferentes especialidades e a equipe de apoio ficou 222 dias no campo, explorando áreas até então pouco conhecidas ou vistas somente por meio de imagens aéreas.

Estado ainda é pouco estudado

Historicamente, as regiões do Amapá foram pouco estudadas e visitadas por pesquisadores, o que deixou lacunas no conhecimento científico. A falta de informação compromete a elaboração dos planos de manejo das unidades de conservação e a conseqüente gestão da área.

- Quando começamos as expedições, em agosto de 2004, tínhamos certeza que elas iriam contribuir significativamente para aumentar o conhecimento sobre a diversidade do Amapá - afirma Antônio Carlos Farias, secretário de Meio Ambiente do estado.

O projeto foi realizado por Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (lega), IBAMA, Secretaria de Meio Ambiente do Amapá e Conservação Internacional.

O Globo, 30/08/2006, Ciência, p. 38

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