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10 de Abr de 2024
BNDES seleciona projetos para proteção de corais na costa brasileira
Programa irá destinar até R$ 60 milhões para projetos apresentados por organizações sem fins lucrativos, em recursos não reembolsáveis, sendo R$ 30 milhões do próprio BNDES e o restante de parceiros privados
Paula Martini
Victoria Netto
10/04/2024
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lança nesta quarta-feira (10) uma chamada pública para selecionar e investir em projetos de proteção de corais na costa brasileira. A iniciativa é um braço da agenda ambiental e de sustentabilidade do BNDES Azul, que visa fomentar a economia ligada aos oceanos.
Chamado de "BNDES Corais", o programa irá destinar até R$ 60 milhões para projetos apresentados por organizações sem fins lucrativos, em recursos não reembolsáveis. Do total, R$ 30 milhões serão aplicados pelo próprio BNDES, por meio do Fundo Sociombiental do banco, e o restante virá da contrapartida de parceiros privados.
"A preservação dos corais é uma agenda praticamente submersa. Nós estamos assumindo uma agenda inovadora, com recursos muito importantes para enfrentar um tema estratégico, mas pouco valorizado", disse ao Valor a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello.
Dentro do BNDES Azul, a instituição já lançou editais para a restauração de manguezais e para Planejamento Especial Marinho (PEM) nas regiões Sul e Sudeste. Segundo Campello, esses projetos mobilizaram R$ 69 milhões em recursos.
A diretora do BNDES explicou que o banco busca aproveitar a evidência do Brasil com o G20 para difundir e amplificar as discussões sobre os oceanos. A presidência brasileira do grupo de maiores economias do mundo tem a agenda ambiental como uma de suas diretrizes principais. Além disso, o O20 (Ocean20) - um dos 13 grupos de engajamento do G20 - é voltado exclusivamente para o reconhecimento do oceano nas agendas globais e de engajamento da sociedade civil.
O Brasil tem a maior área de corais do Atlântico Sul, com três mil quilômetros da costa do Espírito Santo ao Maranhão - área contemplada pelo edital do BNDES. Campello destaca que a o tema não é urgente apenas pelo viés ambiental, mas também econômico.
"Uma em cada quatro espécies marinhas vivem pelo menos parte da vida em corais. Esse ecossistema está relacionado a geração de 30 milhões de empregos, que beneficiam 850 milhões de pessoas em todo o mundo", observa a diretora do BNDES.
A diretora do Departamento de Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Ana Paula Prates, chama atenção para o fato de que os corais podem ser o primeiro ecossistema a ser oficialmente extinto por causa o aquecimento dos oceanos.
"Os recifes são para o oceano o equivalente às florestas tropicais para o meio ambiente. A previsão do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima] é que se chegarmos mesmo a um aquecimento de 1,5oC podemos perder de 70-90% dos recifes do mundo e com aquecimento de 2oC podemos perder todos eles", diz ela. "Isso significa ir perdendo segurança alimentar, recursos pesqueiros, proteção de costa e biodiversidade", complementa Prates.
Os projetos contemplados pelo edital lançado hoje devem se enquadrar em pelo menos um dos seguintes objetivos: melhorar a qualidade da água de bacias que alimentam corais; combate a espécies exóticas que competem com espécies nativas brasileiras; combate à pesca predatória; ordenamento do turismo; mapeamento, manutenção, monitoramento e recomposição de corais.
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