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BNDES libera R$ 1,4 bi para usinas

GM, Energia, p.A7
16 de Dez de 2003

BNDES libera R$ 1,4 bi para usinas
Recursos serão destinados a hidrelétricas no Pará, no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou três financiamentos para cinco usinas hidrelétricas, num total de R$ 1,4 bilhão. Esses recursos, que serão liberados pelo banco no início de 2004, vão alavancar investimentos totais em energia de R$ 4,8 bilhões, com capacidade de geração de 4.640 megawatts (MW) nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste. A maior parte, R$ 930 milhões, será destinada à duplicação da capacidade instalada da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. O restante, segundo o chefe do departamento de energia do BNDES, Nelson Siffert, irá para a usina de Itiquira, no Mato Grosso, do grupo norte-americano NGR, e para as hidrelétricas do Complexo Energético Rio das Antas, no Rio Grande do Sul, controlado pela CPFL. "A política desenvolvimentista já começa a apresentar os primeiros resultados no setor elétrico. Este ano, o banco concederá financiamentos para 15 hidrelétricas, num total de cerca de R$ 5 bilhões. Nos últimos 10 anos nunca houve tanta liberação para geração", disse Siffert, informando que o BNDES aprovou, ainda, R$ 1,5 bilhão para linhas de transmissão. Ampliação de Tucuruí Com o financiamento para Tucuruí, 24% do investimento total estimado em R$ 3,8 bilhões, a Eletronorte vai ampliar a capacidade da usina, no rio Tocantins, dos atuais 4.245 MW para 8.370 MW. Essa expansão, conforme Siffert, vai beneficiar o mercado de energia elétrica da denominada Amazônia Legal, que representa 58% de todo o território nacional, compreendendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. "Tucuruí é o projeto mais importante na carteira do banco", disse. A Eletronorte e suas subsidiárias são responsáveis por 94% do consumo de energia dos sistemas isolados da Região Norte. Para isso, a estatal conta com geração própria (47,6%), compra de energia de produtores independentes (48%) e com a importação da Venezuela (4,4%). Segundo Nelson Siffert, atualmente, a Eletronorte pode enviar 30% de sua energia para as regiões Sul e Sudeste do País. Com a duplicação da linha de transmissão Norte e Sul, a geradora poderá transferir quase 60% da energia de Tucuruí, uma vez que entrará no sistema interligado. "Esse projeto vai permitir o abastecimento em outras áreas do País, se houver necessidade, além do desenvolvimento de unidades industriais na região Norte, onde há investimentos da Companhia Vale do Rio Doce, em bauxita, da Alcan, em alumínio, e a perspectiva de construção de siderúrgica", disse. Antes disso, no entanto, é preciso desatar o nó da questão tarifária, que está dificultando o início dos investimentos. As empresas estão renegociando os contratos com a Eletronorte, mas consideram elevado o custo tarifário proposto pela geradora. Por essa razão, companhias como a Vale e Alcan estão desenvolvendo a construção de hidrelétricas na região para fornecimento de energia a seus empreendimentos. Siffert concorda que essa será a solução mais viável para a queda-de-braço entre fornecedor e consumidor. "Haverá um mix entre compra de terceiros e de energia própria", disse. As obras de expansão da usina de Tucuruí foram iniciadas em julho de 1998. A entrada em operação da primeira geradora adicional (13 turbina) ocorreu em março, e a segunda, em maio deste ano. O início de operação da terceira unidade adicional está previsto para ocorrer ainda este ano. Em 2004 e 2005 deverão entrar em operação três unidades a cada ano. As duas últimas turbinas começarão a gerar energia comercialmente em março e julho de 2006. Complexo Rio das Antas O BNDES vai financiar com R$ 435,8 milhões, em um investimento total de R$ 657,8 milhões, o projeto de implantação e aproveitamento hidrelétrico do Complexo Energético Rio das Antas, constituído pelas usinas de Montes Claros, Castro Alves e 14 de Julho, situadas no Rio Grande do Sul. As usinas terão uma capacidade de geração de 360 MW. As obras começaram em abril do ano passado com a construção da Usina Montes Claros. As das usinas Castro Alves e 14 de julho deverão começar ainda este mês e em março de 2004. Para a Itiquira Energética S/A, o banco vai liberar R$ 85 milhões, de um investimento de R$ 362,6 milhões destinados à construção de uma hidrelétrica em Mato Grosso, com capacidade de geração de 156 MW. Itiquira entrou em operação este ano e os recursos do banco servirão para alongar o endividamento da empresa. "Eles apresentaram um pleito ao BNDES em 1999, mas em função da crise no setor elétrico americano, os controladores perderam a capacidade de obter financiamento no período. Agora, com a melhora do quadro e com a entrada de um agente financeiro, o Unibanco, aprovamos a liberação", disse Siffert, enfatizando que se trata de uma operação indireta. Ou seja, o risco, nesse caso, é do Unibanco, e não do BNDES. Projetos de 7 mil MW Até o fim do ano, o banco deve apoiar mais três hidrelétricas e uma linha de transmissão. Com isso, em 2003 o BNDES terá aprovado projetos que somam 7 mil MW de energia, que entrarão em operação em 2007. Entre eles estão a usina de Barra Grande, que tem como sócios a Alcan, Votorantim e a CPFL; a usina de Campos Novos (CPFL); e a hidrelétrica Peixe Angical, do grupo português EDP. O projeto estava parado, mas a entrada de Furnas como acionista tornou viável o projeto, que estava paralisado, e a retomada das obras. A EDP já havia investido R$ 200 milhões de um total de R$ 1 bilhão. Se o Brasil crescer 4,5% ao ano, a oferta de energia no País deverá aumentar em cerca de 3,5 mil MW a fim de atender à demanda. A maior parte dos desembolsos ocorrerá entre 2004 e 2005. "O banco teve postura mais pró-ativa no sentido de equacionar as fontes de financiamentos e de viabilizar os investimentos que estavam na prateleira e não conseguiam deslanchar, por uma série de razões", disse Siffert.

GM, 16/12/2003, p. A7

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