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BID vai treinar 120 empresas em responsabilidade social

OESP, Economia, p. B16
24 de Mai de 2006

BID vai treinar 120 empresas em responsabilidade social
Programa será realizado por grandes companhias em sua cadeia de fornecedores e clientes

Andrea Vialli

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) está lançando, em parceria com o Instituto Ethos, um programa para popularizar os conceitos de responsabilidade social. A idéia é que grandes empresas, de sete setores diferentes, treinem seus clientes e fornecedores, em toda a cadeia de negócios, para adotar práticas de controle socioambiental.

O Programa Tear tem um orçamento de US$ 2,6 milhões, e as "empresas-âncora" foram escolhidas pelo BID com base em critérios de responsabilidade corporativa: Belgo-Arcelor (siderurgia); Petrobrás (petróleo e gás); CPFL (energia elétrica); Pão de Açúcar/Extra (varejo); Companhia Vale do Rio Doce (mineração); Takaoka/Gafisa (construção civil) e Camargo Corrêa (grandes obras). Para o setor sucroalcooleiro, a "empresa-âncora" está sendo definida.

Cada companhia fará um trabalho de capacitação junto a 15 empresas de sua cadeia, entre clientes e fornecedores. Segundo o diretor executivo do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, as entidades que representam os setores também serão envolvidas no programa, de modo que a abrangência do programa seja ainda maior. Segundo o diretor, a intenção não é ensinar as empresas a realizar ações filantrópicas, mas a adoção de práticas de responsabilidade social. "Queremos provocar uma mudança de comportamento na gestão."

TRABALHO ESCRAVO
Uma das empresas escolhidas para participar do programa, o Pão de Açúcar já teve uma experiência parecida. Em meados de 2003, a empresa descobriu que parte da carne vendida em seus supermercados poderia estar sendo produzida por fazendas que utilizavam trabalho escravo ou que desmatavam áreas de preservação ambiental para alimentar o gado. Na época, o grupo criou um programa para levar práticas de responsabilidade social e de gestão da qualidade para seus fornecedores de carne.

A preocupação com a procedência da carne levou a uma mudança na forma de contratação: a empresa passou a comprar diretamente de 15 fazendas produtoras de carne, em vez de fechar contratos com os frigoríficos, intermediários no processo. Nesse novo sistema, já foram comprados 20 mil animais, entre bovinos, suínos e aves, que vão abastecer as gôndolas da rede de hipermercados Extra. O plano é chegar a 35 mil animais, e expandir ainda mais.

"Além de um novo modelo de comercialização, vamos estender as noções de qualidade e responsabilidade social para esses produtores", diz Fabiana Farah, coordenadora do projeto de gestão das carnes no Pão de Açúcar. A capacitação dos fornecedores é sustentada por quatro premissas básicas: desempenho zootécnico, gestão do meio ambiente, justiça social e viabilidade econômica.

A siderúrgica Belgo-Arcelor notou a necessidade de capacitar as empresas ligadas à sua cadeia de valor em 2003, e seu programa interno serviu de modelo para o Programa Tear. Em 3 anos, foram 46 fornecedores corporativos e 74 clientes treinados. As empresas parceiras receberão orientação em temas como meio ambiente e gestão da qualidade.

De acordo com Aloísio Caixeta, gerente de Suprimentos e Serviços da Belgo-Arcelor Brasil, o ganho em competitividade é visível, bem como a melhoria da imagem junto aos funcionários. "Nosso programa interno de capacitação da cadeia deu bons frutos, e teremos agora um aperfeiçoamento com a parceria do BID", diz.

OESP, 24/05/2006, Economia, p. B16

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