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Belo Monte custa menos que eólicas, diz governo

OESP, Economia, p. B2
07 de Jun de 2010

Belo Monte custa menos que eólicas, diz governo
Fontes preferidas pelos ambientalistas custariam até o dobro da usina, sustenta Ministério de Minas e Energia

Leonardo Goy
BRASÍLIA

Em qualquer debate sobre a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), é comum ouvir, principalmente por parte de ambientalistas, que o dinheiro usado na construção da usina poderia ser usado para produzir energia por meio de outras fontes, em tese mais amigáveis ao meio ambiente, como centrais de energia eólica ou Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).
A tarefa não seria simples. Estimativas feitas pela área técnica do Ministério de Minas e Energia a pedido do Estado mostram que, em caso extremo, se toda a energia de Belo Monte tivesse de ser gerada em centrais eólicas ou solares, o gasto seria maior e o custo da energia também.
Belo Monte terá potência de 11,2 mil megawatts (MW). Como a geração oscilará ao longo do ano - por ter reservatório pequeno, a produção cai drasticamente na seca -, os técnicos fizeram projeções com base na "garantia física" da hidrelétrica, que é a energia média que efetivamente será produzida: 4.571 megawatts médios (MWmed).
Para obter essa produção com centrais eólicas, que usam vento para gerar energia, a estimativa é que seria preciso instalar 10.160 turbinas a um custo que varia de R$ 47,8 bilhões a R$ 83,6 bilhões.
Pelas estimativas do governo, Belo Monte demandará gastos de R$ 20 bilhões. O valor é contestado, mas, mesmo nas projeções menos otimistas, a obra custará no máximo R$ 30 bilhões.
"No Brasil, ainda temos hidrelétricas para explorar e são a fonte mais barata. Então, tenho de fazer delas o carro-chefe. Outras fontes, como eólicas, biomassa e PCHs são excelentes para complementar, mas não têm as características para liderar a expansão", diz o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
Além dos efeitos econômicos, chama atenção o espaço físico necessário para as torres das turbinas eólicas. Se fosse construída uma grande central eólica, contínua, para gerar a mesma energia de Belo Monte, as torres ocupariam área de até 3.047 quilômetros quadrados, duas vezes a cidade de São Paulo. A área alagada para Belo Monte será de 516 quilômetros quadrados.
Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace Brasil, ressalta que, na mesma área onde as centrais eólicas são instaladas outras atividades podem coexistir, como pecuária e agricultura. No caso das hidrelétricas, diz, mesmo se ao lago for dada outra destinação (como turismo), a população precisa ser deslocada.
Outro dado diz respeito às chamadas PCHs, hidrelétricas de até 30 MW de potência caracterizadas pelo baixo nível de alagamento dos rios onde são instaladas. A questão é que, para atingir o montante de energia assegurada por Belo Monte seriam necessárias entre 277 e 554 PCHs. Somadas, alagariam área maior do que a de Belo Monte, entre 831 e 1.662 quilômetros quadrados.
Em valores, a biomassa é a fonte com custo mais próximo ao de Belo Monte. Para trocar toda a energia da grande hidrelétrica por usinas que queimam resíduos como o bagaço de cana, o investimento ficaria entre R$ 21 bilhões e R$ 26 bilhões. Mas para fornecer o combustível a essas usinas, a área plantada seria equivalente a 80 mil quilômetros quadrados, mais do que Sergipe e Paraíba, juntos.
O substituto mais caro, e menos eficiente, seria a energia solar. Os técnicos avaliam que, para gerar os mesmos 4.571 MWmed da hidrelétrica, seriam necessários 140 milhões de painéis solares, um custo estimado de R$ 355 bilhões a R$ 507 bilhões.
Os técnicos do ministério ressaltam que as comparações são hipotéticas e levam em conta dados médios disponíveis no mercado. Os resultados exatos podem variar, dadas as peculiaridades de cada uma dessas diferentes fontes e de cada projeto.

OESP, 07/06/2010, Economia, p. B2

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100607/not_imp562553,0.php

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