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Atraso preocupa indígenas

A Crítica (Manaus - AM)
02 de Abr de 2002

As lideranças indígenas do Alto Rio Negro estão preocupadas com o atraso no cronograma de implantação do Centro de Estudos Superiores Indígenas (Cesi). Eles lembram que foi montada uma agenda pela Fundação Estadual de Política Indigenista (Fepi), onde se estabeleceu que as obras de construção do centro iniciariam em março, em São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), a realização da seleção dos estudantes em junho e a inauguração em setembro deste ano.

"O problema é que as discussões empacaram na fase de elaboração da política pedagógica para o centro. Algumas entidades indigenistas discordam da criação da universidade porque consideram que o projeto tem um cunho eleitoreiro. Se eles não querem o centro tudo bem, mas a universidade é uma reivindicação antiga das tribos da região do Alto Rio Negro e pretendemos lutar para que o projeto seja implantado", comenta o vice-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), o tucano Domingos Barreto, 35.

Segundo o coordenador do Centro de Cultura Indígena da Fepi, o tucano Amarildo Machado, 34, algumas entidades indigenistas se declararam contrárias ao projeto durante as reuniões de elaboração da política pedagógica. "Os comentários dessas entidades terminaram repercutindo mal no Governo. Agora, temos medo de que o governado Amazonino Mendes suspenda o projeto", revela Machado.

Para o assessor da Fundação Nacional do Índio (Funai), o tucano Benedito Machado, 47, a polêmica em torno da criação da universidade indígena está parecida com as discussões geradas na época da implantação do projeto "Calha Norte". "Quando o Governo Federal começou a construção dos quartéis muitos foram contra, dizendo que as mulheres índias virariam prostitutas e os homens serviriam apenas de recrutas. Hoje a realidade é outra e o jovem índio já tem uma perspectiva. Os chamados 'defensores de índios' deveriam entender que nós temos nossas próprias idéias", critica.

Benedito diz que a proposta de política pedagógica elaborada pela Fepi tem algumas deficiências, mas nada que impeça a criação da universidade. "O ideal seria montar a estrutura e depois ir ajustando a política pedagógica", considera.

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