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Até 2050, 25% dos carros serão movidos a etanol

OESP, Economia, p. B10
14 de Mai de 2008

Até 2050, 25% dos carros serão movidos a etanol
Previsão é da Agência Internacional de Energia, que avisa: fornecimento do biocombustível vai chegar a 1,5 milhão de barris por dia no fim de 2008

Jamil Chade

Até 2050, 25% dos carros no mundo serão movidos a etanol. A estimativa é da Agência Internacional de Energia (AIE), que tem sede em Paris. De acordo com a entidade, 700 milhões de toneladas de biocombustíveis estarão sendo vendidos em meados do século. Ontem, em seu relatório mensal, a AIE apontou para uma "explosão" no uso do etanol. Hoje, se o lobby contra o combustível saísse vencedor, o mundo teria de produzir 1 milhão de barris a mais de petróleo por dia para suprir o espaço deixado pelo etanol apenas nos Estados Unidos e na Europa.

"O volume de petróleo que seria necessário para cobrir o déficit causado por uma eliminação do etanol seria enorme", afirmou a AIE. Governos em todo o mundo vêm sendo atacados por suas políticas de expansão do uso do etanol, acusado de provocar a alta nos preços dos alimentos. Alguns críticos do biocombustível, como o ex-relator da ONU para o Direito à Alimentação Jean Ziegler, chegaram a pedir uma moratória na produção do etanol.

O ano deve terminar com o fornecimento de 1,5 milhão de barris de etanol por dia. Entre as nações que não fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a produção de etanol mais que dobrou entre 2006 e 2008, passando de 214 mil barris por dia para 425 mil. Só na América Latina a previsão é de 186 mil barris de etanol. Em 2007, 49% do crescimento do abastecimento de combustível nos países fora da Opep ocorreu graças ao etanol. Em 2008, essa taxa deve ser de 55%.

A entidade insiste que deve ser feita uma diferenciação entre o etanol de cana-de-açúcar e o de milho. "O etanol de cana produzido nas regiões tropicais e subtropicais, como Brasil, África e Índia, tem excelente características em termos econômicos, de redução de CO2 e baixa exigência de terras", disse a AIE, que garante: o etanol tem papel importante no combate às mudanças climáticas.

A entidade diz também que os biocombustíveis podem ajudar os países a reduzir a importação de petróleo e a diversificar as fontes de energia. Mas a agência admite que há certos tipos de biocombustíveis, como aqueles produzidos com grãos nos EUA e em países da Europa, que podem ameaçar a produção de alimentos. Mesmo assim, a AIE alerta que apenas 2% da produção mundial desses grãos é destinada ao etanol.

Para garantir que efeitos negativos não se proliferem, a agência pede que os governos incentivem pesquisas sobre a segunda geração do etanol, feito de produtos que não teriam impacto sobre os alimentos.

OESP, 14/05/2008, Economia, p. B10

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