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Arte indígena é finalista

A Crítica-Manaus-AM
Autor: Valéria Serpa Leite
21 de Nov de 2001

O Projeto de Arte Baniwa, desenvolvido no município de São Gabriel da Cachoeira (a 858 km de Manaus), é um dos 20 finalistas do Programa de Gestão Pública e Cidadania, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Amanhã, eles serão apresentados para uma banca julgadora que escolherá cinco projetos, apontando-os como destaques do programa.

Quando teve início, em 1999, o Projeto Arte Baniwa contava com apenas 20 artesãos para a produção das cestarias. Hoje, são 142, o que na opinião da assessora para negócios do Instituto Socioambiental (ISA), que apoia o projeto, Joana Fernandes, é uma prova de que ele está dando certo. "Foi preciso conquistar a confiança dos artesão. Esse número continua aumentando", disse acrescentando que a idéia desde o início é expandir horizontalmente a base. O resultado é que hoje, outras etnias - além dos baniwa - começam a se interessar em participar do projeto.

O objetivo do "Arte Baniwa" é produzir e comercializar de forma sustentável e autogerida a cestaria baniwa de arumã, eliminando a interferência de atravessadores. "Para nós, estar entre os finalistas é o reconhecimento de um trabalho milenar e do próprio povo. É a valorização da cultura", disse o presidente da Organização Indígena da Bacia do Içana (oibi), André Fernando Baniwa.

A comunidade, localizada a 470 km de São Gabriel da Cachoeira, produz quatro modelos de cestaria: urutu, balaio, jarro e peneira - sendo as duas primeiras as que apresentam maior apelo comercial.

A maior parte da produção é vendida para a rede de lojas de móveis e artigos de decoração Tok & Stok. Este ano, já foi feita também uma venda para a Indústria de Cosméticos Natura. "Estamos retomando as negociações, estudando novas parecerias com a empresa", disse Fernandes.

Em reuniões a comunidade define preços e o padrão de qualidade dos produtos. A Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi) se encarrega da comercialização, do transporte e do pagamento dos artesão.

Desde que teve início o projeto a demanda vem aumentando. Em 1999, as comunidades que participam do programa produziram 550 dúzias de objetos e a capacidade de produção a partir deste ano é de mil dúzias/ano. No ano passado a produção rendeu aos artesãos um lucro de R$ 55 mil, dividido em valor correspondente à produção de cada família, sendo que uma porcentagem é investida nas comunidades e no fortalecimento da própria Organização.

Está em fase de implantação um entreposto da comunidade na sede do município de São Gabriel da Cachoeira. Construído em um terreno de mil metros quadrados, o local vai funcionar como escritório e estoque para a produção.

Ficar entre os cinco destaques significaria, na opinião de André, o fortalecimento do projeto. "Esperamos que ele cresça politicamente e que com isso a comunidade seja mais respeitada na concretização de projetos futuros", disse completando que conquistar um dos cinco lugares de destaque traria também novas oportunidades de negócio. Segundo ele, os cinco destaques recebem premiação de R$ 20 mil cada um, e os outros 15, R$ 6 mil cada.

O projeto tem como parceiros a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), ISA, Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), do Ministério da Ciência e Tecnologia.

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