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Aperte a campainha para encontrar a história do Amazonas

A Crítica (AM) - http://acritica.uol.com.br/
Autor: Wallace Abreu
03 de Out de 2011

Em uma parte da cidade de Manaus que por muito tempo foi marginalizada e alvo de preconceitos, mas que aos poucos vem sendo revitalizada por órgãos municipais, estaduais e federais, encontra-se uma parte preservada da história do Amazonas. É na Rua Bernardo Ramos, paralela a Av. Sete de Setembro, que o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) guarda uma parte importante da história deste estado.

O IGHA foi criado em 1917 por Bernardo Ramos juntamente com alguns outros intelectuais da época com o intuito de preservar, resgatar e escrever a história do Amazonas. O IGHA surgiu como uma ramificação do Instituto Histórico Geográfico do Brasil (IHGB), e hoje, o que poderia ser uma grande fonte de conhecimento, mantém suas portas fechadas para visitação, atendendo alguns agendamentos escolares e o público em geral que, se quiser visitar o museu, precisa apertar a campainha para fazer a visita gratuita com duração média de uma hora.

Quem passa pela rua e vê a fachada do prédio, com uma pequena placa e suas enormes portas fechadas (o que é entendível para a conservação das peças), não imagina a quantidade de informação que suas salas escondem. O IGHA é um instituto privado e que é mantido por seus associados e recebe alguns recursos através de um convênio com instituições públicas municipais e estaduais.

No salão que recebe o nome de Arthur Reis, que foi um grande historiador e governador do Amazonas, os móveis são todos originais da época da fundação do IGHA em 1917. Nele encontra-se o quadro do Dom Pedro II que não pertence ao acervo do Instituto. A obra foi cedida para exposição e é um quadro original que pertence ao Ginásio Dom Pedro II que fica situado na Av. Sete de Setembro. O salão foi criado para abrigar as reuniões do IGHA e até hoje ainda é utilizado em eventos promovidos pelo Instituto.

O salão dá espaço também a um quadro da Princesa Izabel, uma obra original do tempo do Brasil Império e riquíssima em detalhes, além do memorial do todos os presidentes do Instituto, entre eles Bernardo Ramos, Alfredo da Matta, Agnello Bittencourt, Anísio Jobim, Robério Braga, Mário Ypiranga Monteiro, entre tantos outros intelectuais que já presidiram esta casa.

Em outro salão do Instituto encontram-se as cadeiras originais da platéia do Teatro Amazonas, as primeiras cadeiras da época de sua inauguração todas tecidas em palia da Índia e datam do ano de 1897. Durante a primeira reforma no Teatro, estas cadeiras foram trocadas dando lugar as atuais, forradas em veludo vermelho. Neste salão é possível encontrar também partes de uma armadura original da Guarda Imperial do Brasil.

O último salão do instituto recebe o nome de Agnello Bittencourt, literário e político amazonense. No salão, todos os móveis são originais e a disposição dos móveis é fiel ao que possivelmente era quando funcionava como um gabinete do Instituto.

Em visita guiada por Olga de Almeida, estudante de história e guia do museu, ela chama atenção a detalhes minuciosos de todas as peças. "Nesta época, não se tinha o costume de exaltar o que era da nossa terra, então muitos móveis e objetos possuem detalhes de outras culturas, ou realmente são objetos e móveis que não foram criados por artesões ou artistas amazonenses", destaca.

"O primeiro piso do IGHA, o Museu Crisantho Jobim, é conhecido como Casa Bernardo Ramos e dá espaço ao acervo pessoal de Crisantho que antes formavam o Museu Rondon. Atualmente o museu conta com 1.042 peças catalogadas, em sua maioria, peças etnográficas. São fragmentos cerâmicos indígenas utilitários, que são potes e vasos que serviam para guardar alimentos", explica Almeida.

O IGHA não possui o caráter de catalogação e estudo de peças. O museu atende apenas para exposição de peças já catalogadas e possui um acervo de urnas funerárias indígenas encontradas em Manaus e municípios do interior do estado, além de adornos históricos que foram utilizados por indígenas que viveram nesta área que hoje dá espaço a cidade de Manaus.

São colares de dentes de animais, jóias feitas em algodão cru, em sementes naturais, arcos, flechas, redes, zarabatanas, além de um protetor peniano, utilizado pelos indígenas durante suas batalhas e, uma máscara ritualística que era utilizada durante o ritual da moça nova, onde todos os pelos do corpo da índia eram arrancados um a um quando ela menstruava pela primeira vez. O museu possui também um vasto acervo de animais empalhados, fósseis e couros de espécies da região, que para sua conservação, são mantidos em uma sala mais escura, também aberta à visitação.

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