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Antério depõe e vai para presídio

CB, Brasil, p. 17
18 de Set de 2004

Antério depõe e vai para presídio
Fazenda de candidato a prefeito foi vistoriada pelos fiscais do Trabalho no dia anterior ao assassinato deles. Ministério Público pretende acusar o irmão de Norberto Mânica como mandante da chacina

Marcelo Portela
Estado de Minas

O fazendeiro Antério Mânica, preso no final da tarde de quinta-feira, acusado de participação na chacina de quatro funcionários do Ministério do Trabalho em Unaí, no início do ano, foi fiscalizado pelas vítimas no dia 27 de janeiro, um dia antes do crime. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os fiscais encontraram várias irregularidades na fazenda do acusado, mas não tiveram tempo de multá-lo, pois foram executados no dia seguinte. Segundo o MPF, ele será incluído no processo como mandante da chacina, ao lado de seu irmão, o também fazendeiro Noberto Mânica, maior produtor de feijão do país.
Contando com Antério, nove pessoas estão presas, acusadas de envolvimento na chacina.
O fazendeiro, que é candidato a prefeito da cidade do noroeste mineiro pelo PSDB, foi apresentado, ontem, ao titular da 9a Vara da Justiça Federal, juiz Francisco de Assis Betti, que determinou sua prisão.
Antério foi preso durante reunião com correligionários, pouco antes de um comício que faria em Unaí, em operação conjunta das polícias Militar, Civil e Federal. Ele foi levado para a delegacia da cidade e encaminhado para a carceragem da Polícia Federal (PF), em Brasília, ainda na quinta-feira.
Ontem, o fazendeiro foi transferido para Belo Horizonte, onde chegou no início da tarde. Ele desceu do avião da PF no aeroporto da Pampulha por voltadas 13h 15 e foi levado diretamente para a sede da Justiça Federal. Desde o fim da tarde, Antério está preso na penitenciária Nelson Hungria, que fica em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte (MG).

Ligações suspeitas
0 juiz Assis Betti determinou a prisão de Antério durante o interrogatório de Norberto, que teve mais de seis horas de duração, durante as quais o magistrado fez mais de 150 perguntas ao chamado "Rei do Feijão", que se manteve caiado quase todo o tempo.
A única pergunta relativa ao crime respondida por Norberto foi justamente relativa a Antério e sua mulher, Bernardette. Ele negou que seus familiares tivessem um Marea azul e, ao final do interrogatório, se retratou, informando que Bernardette tem um carro com estas características. 0 MPF já sabia que a mulher de Antério é dona do Fiat Marea placa GYR-8069.
Outro acusado de envolvimento na chacina, o motorista William Gomes de Miranda depôs terça-feira passada e confirmou que foi contratado para transportar Francisco Elder Pinheiro, conhecido como Chico Pinheiro, denunciado como agenciador dos pistoleiros que mataram os fiscais. Em seu depoimento à Polícia Federal, confirmado na Justiça, William contou que, no dia anterior ao crime, Chico Pinheiro se encontrou com José Alberto de Castro, o Zezinho, acusado de fazer o intermédio entre os mandantes e os executores da chacina.
William disse que Zezinho estava em uma picape que era seguida de perto por um Marea escuro, no qual estava um homem "muito bravo" que ordenou que os criminosos matassem todos os fiscais e que receberiam o dobro do combinado pelo serviço. Segundo o MPF, os pistoleiros foram contratados para executar o auditor fiscal Nelson José da Silva, mas ele não foi encontrado sozinho. Além de Nelson, foram mortos também os fiscais João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira.
Segundo o delegado Ricardo Amaro, da Polícia Federal, as investigações mostraram que, pouco depois do crime, Antério ligou para a Polícia Militar e para a Delegacia Regional do Trabalho em Paracatu para saber se alguém havia sobrevivido à chacina. Ontem, o advogado dos Mânica, José Lindomar Coelho, informou que já entrou com hábeas corpus para Antério junto ao Tribunal Regional Federal, em Brasília. Norberto também tem pedido de hábeas corpus no TRE A definição da justiça deve sair semana que vem. (MP)

CB, 18/09/2004, Brasil, p. 17

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