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A antecipação do Rodoanel

OESP, Notas e Informações, p. A3
27 de Jun de 2009

A antecipação do Rodoanel

Poderá ser concluído em dezembro o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas - quatro meses antes do prazo previsto -, caso as condições do clima favoreçam as frentes de trabalho. E esta semana, ao comunicar a abertura de licitação para a construção de seis praças de pedágio no novo eixo, o secretário dos Transportes, Mauro Arce, afirmou que a meta do governo do Estado é concluir os 170 quilômetros do Rodoanel até 2014.

Para a região metropolitana de São Paulo, que a cada dia recebe mais e mais veículos numa malha viária estagnada há anos, contar com 61,4 quilômetros de vias modernas no Trecho Sul, que une a Rodovia Régis Bittencourt à Avenida Papa João XXIII, em Mauá, é alívio que quanto antes vier, melhor. Com a conclusão do anel viário, serão interligadas sete das dez rodovias que chegam a São Paulo (Bandeirantes, Anhanguera, Castelo Branco, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, Imigrantes e Anchieta). Nos horários de pico, essas estradas despejam em São Paulo pelo menos 500 mil veículos, que se somam aos mais de 3,5 milhões que trafegam diariamente nos principais corredores da cidade. Há 30 anos, eram 900 mil veículos rodando nesses horários.

Conforme estimativas da Dersa, o novo eixo do Rodoanel deverá tirar 301 mil veículos da Marginal do Pinheiros e 85 mil da Avenida dos Bandeirantes, que hoje é o principal acesso para os caminhoneiros que se dirigem ao Porto de Santos. Sem o tráfego pesado, as vias de São Paulo ficarão menos saturadas e o número de bloqueios de pistas provocados por caminhões em pane ou envolvidos em acidentes será reduzido, aumentando a fluidez do trânsito.

O transporte de carga de grande parte do País também se beneficiará com a entrada em operação do Trecho Sul do Rodoanel. Estudos mostram que caminhoneiros perdem pelo menos quatro horas nas viagens quando são obrigados a cruzar a região metropolitana de São Paulo com destino ao Porto de Santos. Para o setor portuário e de logística, o Rodoanel também trará vantagens. Hoje, 50% das mercadorias movimentadas nos cais de Santos passam pela região metropolitana. Calcula-se que os custos com transporte terão, com o Rodoanel, uma redução de R$ 2 bilhões/ano.

A maior obra de engenharia em andamento na América Latina deveria ter sido construída há décadas. Projetos para a construção de anel viário e vias perimetrais na região metropolitana foram elaborados nos anos 30, mas durante 60 anos os planos foram adiados. Somente na década de 90 o Trecho Oeste do Rodoanel começou a ser construído.

O mérito da iniciativa é dos governos iniciados com a gestão de Mário Covas. Apesar da complexidade e dos custos da construção, o governo de São Paulo tocou as obras sozinho. Enfrentou desde a resistência do governo federal, que durante anos relutou em reconhecer o valor da nova via para a economia nacional, até os ecologistas radicais, que tudo tentaram para impedir a construção.

Tudo no Trecho Sul do Rodoanel é grandioso: o investimento é de R$ 4,8 bilhões, sendo R$ 3,6 bilhões a cargo do Estado e R$ 1,2 bilhão sob responsabilidade da União, que só nos últimos anos passou a contribuir. A obra exigiu 25 milhões de metros cúbicos de aterro. Há 136 pontes e viadutos, que somam 20 quilômetros de extensão, a maior delas, com 1.755 metros, sobre a Represa Billings. O Trevo Anchieta, o maior do Rodoanel, terá 1,2 quilômetro de diâmetro e facilitará o escoamento de cargas entre o Planalto e o Porto de Santos. O plantio de 1.016 hectares de árvores nativas compensa, em mais de cinco vezes, a derrubada de 212 hectares, necessária para a construção do novo eixo. Para a construção, foram desapropriados 11,3 milhões de metros quadrados. Cerca de 400 engenheiros e 6 mil funcionários trabalham na obra.

"Estamos fazendo de tudo para adiantar a entrega do Trecho Sul", disse ao Estado o diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, numa referência ao ritmo de trabalho empreendido na construção. Todo esforço feito pelo governo para reduzir a intensidade dos congestionamentos nas vias urbanas será bem-vindo.

OESP, 27/06/2009, Notas e Informações, p. A3

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