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Ambientalismo versus desenvolvimento

JB, Economia & Negócios, p. A18
06 de Dez de 2005

Ambientalismo versus desenvolvimento

Como todo executivo de grande companhia aberta, Roger Agnelli se esmera em driblar perguntas de repórteres sobre assuntos que não pode ou não quer abordar. Em encontro com jornalistas, ontem, na sede da Firjan, a menos de 100 metros de seu escritório na Vale do Rio Doce, o presidente da terceira maior mineradora do planeta esquivou-se de diversos assuntos espinhosos, como os erros da política de juros altos do Banco Central e a deserção de investidores estrangeiros, como Arcelor e Baosteel, de grandes projetos siderúrgicos no país.
Por isso, chama a atenção a ênfase com que Agnelli bateu na questão ambiental.
- Todos temos que cuidar do meio ambiente, isso é ponto pacífico. Mas essa preocupação ambiental não pode prejudicar o desenvolvimento do país. Desenvolvimento representa mais emprego, e mais emprego significa menos miséria. A miséria é que prejudica o meio ambiente - atacou.
O desabafo tem razão de ser. A Vale é uma das grandes empresas brasileiras com investimentos travados devido a problemas com autoridades ambientais. O Projeto 118, de cobre, que deveria começar a operar em 2008, está seis meses atrasado, por falta dos carimbos necessários. Além disso, a mineradora ainda enfrenta a ofensiva de organizações não-governamentais contra a construção de barragens, mal necessário para obras hidrelétricas imprescindíveis à expansão do país.
- Algo tem que ser feito. O custo da implantação de usinas e da transmissão de energia é altíssimo. E com a demora na aprovação dos projetos, sobe ainda mais - criticou Agnelli, lembrando que a questão energética, hoje, é mundial. - O Brasil é rico em potencial de geração de energia. Nossos recursos hídricos são excepcionais. Não faz sentido algum ficar falando em energia nuclear.
O presidente da Vale cobra mais agilidade das autoridades ambientais, em níveis federal, estaduais e municipais. Projetos de mineração, lembra, não saem da noite para o dia. Levam, em média, três anos. Enquanto discutimos o impacto de grandes obras e não as condições que devem ser impostas para sua aprovação, perdemos fôlego diante dos concorrentes. A Índia e o Leste Europeu vêm atraindo investimentos bilionários em projetos de siderurgia, por exemplo. Aqui, não conseguimos sequer garantir a cessão de um terreno para instalação do natimorto pólo siderúrgico do Maranhão.

"Meio ambiente não pode prejudicar o desenvolvimento,que representa mais emprego. E mais emprego significa menos miséria."
Roger Agnelli, Presidente da Vale do Rio Doce

Causa indígena
Com a ocupação da Estrada de Ferro Vitória-Minas por índios, na semana passada, a Vale do Rio Doce deixou de embarcar 250 mil toneladas de minério.

JB, 06/12/2005, Economia & Negócios, p. A18

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