VOLTAR

Amazônia: só restam 23% de área mais crítica

O Globo, Ciência e Vida, p. 37
04 de Nov de 2006

Amazônia: só restam 23% de área mais crítica
Florestas da fronteira entre Pará e Maranhão abrigam espécies únicas e à beira da extinção

O mais preciso levantamento já realizado numa das áreas de maior biodiversidade da Amazônia - e também a mais desmatada - revelou que dela restaram somente 23% da cobertura original. A área em questão é o Centro de Endemismo Belém, entre Pará e Maranhão, onde começa o chamado Arco do Desmatamento. O estudo mostrou que as florestas de 67% dos 242.810 quilômetros quadrados (aproximadamente o tamanho do Reino Unido) do centro de endemismo desapareceram. E, como o nome indica, a região tem espécies endêmicas, isto é, que só vivem lá. Dentre elas estão algumas das aves e mamíferos mais espetaculares da Amazônia.

O estudo foi realizado por pesquisadores do projeto Biota Pará, que reúne o Museu Paraense Emílio Goeldi e a organização ambientalista Conservação Internacional do Brasil (CI-Brasil). O vice-presidente da CI -Brasil, José Maria Cardoso, diz que a maior parte das espécies em extinção do Pará habita essa região.

- A Amazônia é muito diversificada, tem regiões muito específicas e com espécies próprias. A perda de uma delas não será compensada pela preservação das outras. O Centro de Endemismo Belém é o epicentro da extinção de espécies da Amazônia - explica Cardoso.

Segundo o estudo, o centro é o lugar com maior número de espécies em extinção de toda a floresta amazônica. E, também, a região em pior situação em toda a Amazônia.

Entre os animais cuja sobrevivência está em risco estão os macacos cuxiú-preto e o caiaram. Ambos são encontrados apenas entre os estados de Pará e Maranhão.

- Algumas aves como o mutum -de-penacho eram comuns e agora podem estar extintas - observa o pesquisador.

Há outras aves que tiveram redução dramática da população. O caso mais exemplar é o da ararajuba, que com sua plumagem verde e amarela é uma das aves-símbolo do Brasil.
- Elas estão desaparecendo - diz ele.

O Globo, 04/11/2006, Ciência e Vida, p. 37

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.