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Amazônia resiste à pressão?

O Liberal-Belém-PA
Autor: Armando Soares
25 de Out de 2004

As forças de pressão, internas e externas, que cobiçam e querem se apropriar da Amazônia, são poderosas e competentes. Através do conhecimento de suas estratégias, fica-se conhecendo as causas determinantes do impedimento da decolagem do desenvolvimento da região.

O poder econômico mundial, insaciável por sua natureza, tem um modo muito sutil de se apropriar da Amazônia, digo melhor, de garantir o uso de suas riquezas. A estratégia é considerar a região como patrimônio da humanidade e congelar o seu desenvolvimento, evitando que essas riquezas possam ser aproveitadas em favor da região amazônica. O braço executivo principal dessa estratégia é a mídia mundial, considerada um dos subsistemas do poder econômico mundial.

A razão principal usada por essas forças é o de que o Brasil - a Amazônia - está queimando, desmatando a floresta e massacrando populações indígenas; destruindo a biodiversidade (o maior banco genético mundial); poluindo os rios (1/5 da água doce do mundo), e outros bens e elementos da natureza, pondo em risco a saúde ambiental da Terra, particularmente dos países ricos.
A manipulação psicológica é, portanto, a grande arma que o poder mundial usa para se apropriar economicamente da Amazônia, com múltiplas estratégias, incluindo o do silêncio ou da deformação.

O que vem permitindo essa ação é a fragilidade da Amazônia, que tem como origem ser a região historicamente uma área territorial brasileira esquecida, desconhecida pela sociedade civil, pouco debatida no Congresso Nacional, por não fazer parte do quadrilátero do Poder Nacional (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília), ou seja, o Brasil propriamente dito.

A justificativa usada pelas elites econômicas e políticas brasileiras do esquecimento da Amazônia é o seu alto custo de manutenção (relação custo/benefício) e de desinformação com apoio em falsos mitos e distorções, por conveniência, da realidade social e econômica. Resumindo: visão míope, discriminação, fisiologismo, demagogia política, endocolonialismo, e uma dose muito grande de incompetência e burrice.

Outra tese usada para justificar a cobiça da Amazônia é de que é terra desabitada, opção para a explosão demográfica mundial. Em outras palavras, acima do interesse nacional, está o interesse da humanidade (tese ambientalista, da visão holística, que não cansamos de chamar atenção).

Além do mais, a Amazônia possui uma rica biodiversidade de valor incomensurável, água doce abundante, vastíssimas riquezas minerais inexploradas. Com tudo isso, com toda essa riqueza e potencialidade, o governo brasileiro vem aceitando a tese do congelamento do desenvolvimento da Amazônia. Estranho, não?

Sobre a nocividade das ações ambientalistas e preservacionistas na Amazônia, facilitada pela mídia mundial, é importante conhecer o que dizem estudiosos do assunto, não cooptados, os jornalistas americanos Gerard Colby e Charlott Dennet (1988): "... No caso da Amazônia, tais disfarces estão embutidos nas manifestações ambientalistas, nas hipocrisias rotuladas de direitos humanos e nas distorções conceituais sobre reservas indígenas para encobrir as políticas de exploração econômica que têm sido tratadas nos meios de comunicação de massa, que, manipulando a cultura de massa, no que diz respeito às culturas populares nacionais, conseguiram, utilizando-se de poderes locais subservientes e de formadores de opinião mercenários, criar um estado coletivo de passividade ou alienação que favorece a penetração dos poderes externos hegemônicos, com seus planos de um novo tipo de colonização."

A colonização continua na Amazônia, só que agora com a roupagem cultural, ou seja, é uma invasão cultural. São imposições de padrões de pensar e agir, consubstanciados nas políticas de relações internacionais. Esse novo tipo de colonização dispensa as conquistas de territórios, o que pouco está interessando o núcleo político governamental e petista, principalmente o do Estado do Acre.

As políticas ambientalistas, de direitos humanos, proteção dos povos indígenas, o arsenal de missões religiosas, tudo está sendo desmistificado, isto porque todos são considerados como força-tarefa para transferir aos países ricos não a superfície amazônica, mas a sua riqueza. Essa a razão principal porque a Amazônia deve continuar como reserva estratégica e sem desenvolvimento.

Diante dessa invasão branca em andamento, é preciso que a sociedade amazônica desperte, saia do transe hipnótico imposto pela mídia mundial e reverta as ações de congelamento. Se assim não for feito, não resistiremos às pressões.

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