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Álcoolismo é causa de suicídio e violência entre índios Karajá

Expresso MT - http://www.expressomt.com.br/
Autor: Sandra Carvalho
29 de Out de 2010

O uso abusivo de álcool entre indígenas da etnia Karajá e que vivem na Ilha do Bananal, ao longo do rio Araguaia, nos estados de Mato Grosso e Tocantins, tem favorecido a ocorrência de suicídios e o aumento da violência entre eles.

As causas e possíveis saídas para acabar com o alcoolismo entre os Karajá são temas de debate num seminário que está ocorrendo em São Félix do Araguaia sob a organização do Ministério Público Federal (MPF). Representantes da Funasa, Funai/TO, antropólogos, Secretaria Estadual de Educação de TO e indígenas dos dois estados participam do evento.

Entre as soluções inicialmente apresentadas constam a criação de uma polícia indígena destinada a proteger os integrantes das aldeias de pessoas violentas devido à embriaguez, incentivos à prática de esportes, criação de centros de atividades longe das cidades e punição aos índios que levarem bebida para comercialização nas terras indígenas durante festas e comemorações tradicionais.

"Precisamos cuidar principalmente das crianças, que são o nosso futuro", observa Iraro Karajá, cacique e vereador pela cidade de Lagoa da Confusão (TO).

A enfermeira Juliana Neiva, do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Araguaia, ressalta a grande ocorrência suicídios, violência entre parentes e degradação física e moral dos índios Karajá. "O abuso de álcool muitas vezes é sintomático não do alcoolismo em si, mas de questões relacionadas à saúde mental da pessoa", frisa.

Juliana considera como uma vitória a instalação de um Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) em São Felix do Araguaia, a cidade mais próxima de muitas aldeias, tanto pela facilidade para prover o tratamento quanto para a maior eficiência no tratamento de casos pontuais, hoje feitos em Goiânia. Segundo a enfermeira, os índios em tratamento ficam até 28 dias em clínicas, mas seu entrosamento com outros internos é difícil, assim como conseguir vagas.

"Um CAPs em São Félix facilitará o trabalho dos agentes e poderá trazer melhores resultados, visto que após algum tempo os que retornam dos tratamentos voltam a abusar do álcool, muitas vezes como consequência de outros problemas", acrescenta.

Na abertura do evento, o procurador da República, Álvaro Manzano, explicou que o seminário foi solicitado pelos próprios índios, após um assassinato ocorrido na aldeia Santa Isabel do Morro, às margens do Rio Araguaia, na Ilha do Bananal. Manzano salientou que o primeiro passo é o reconhecimento pelas comunidades que o abuso de álcool é um problema. "Não viemos aqui para dizer aos índios o que fazer para lidar com esse problema. Uma vez reconhecido o mal que o abuso de álcool causa, eles mesmos vão encontrar as alternativas para minimizar o problema", frisou.

João Karajá, liderança da Aldeia Santa Isabel, notou que os causadores dos problemas, ou seja, os índios que abusam do álcool, não estão participando do evento, mas que entre os participantes há professores, agentes de saúde e caciques interessados em minimizar as consequências do álcool entre os índios. "Há pessoas que se mudam de aldeia quando a situação fica insuportável", informou. O seminário termina amanhã (29).

http://www.expressomt.com.br/noticia.asp?cod=99842&codDep=3

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