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Água quatro vezes mais cara

Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente, jan-mar 2008, p. 23-24
31 de Mar de 2008

Água quatro vezes mais cara
Contaminação dos mananciais onera operadoras públicas e privadas

Estudo recente do Instituto Sócio-Ambiental (ISA) indica que 80% dos esgotos gerados são lançados diretamente nos rios, sem nenhum tipo de tratamento. O problema se agrava nos grandes centros urbanos, como mostram os números da ANA já que o volume dos rios não suporta o descarte dos efluentes. A poluição dos corpos d'água tem como conseqüência um aumento dos custos para as ETAs.

Segundo o superintendente da Unidade de Produção de Águas da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Hélio Luiz Castro, a história dos mananciais de São Paulo tem uma característica única que é a alta utilização de represas, já que existe escassez de recursos hídricos e muita população. "Quando as represas foram construídas eram distantes dos centros urbanos.
Porém com o crescimento populacional desordenado, as cidades chegaram aos mananciais", diz.

O superintendente da Sabesp verifica um comprometimento maior dos sistemas nos últimos 10 anos e a real necessidade da utilização de mais produtos químicos, sempre destacando a dificuldade de mensurar essa demanda. Além disso, foi preciso implantar a tecnologia de Carvão Ativado, que retira gosto e odor da água. "Um dia de utilização do Carvão Ativado na vazão de 14 m3 equivale ao preço de um carro popular. Para evitar isso tentamos controlar a qualidade da água nos próprios mananciais", explica.

A Sabesp também precisa controlar a proliferação de algas nas represas. Trata-se de uma água quatro vezes mais cara por causa do tratamento para a retirada do odor liberado pelas algas, grande problema apontado por Castro. Assim, a degradação chega a quadruplicar o custo do tratamento da água, que é repassado para o consumidor dentro da tarifa. Contudo, Hélio Castro afirma que nenhum manancial chegou ao ponto da intratabilidade.
"Estamos investindo muito no problema de regularização das favelas próximas aos mananciais.
O Programa Guarapiranga, por exemplo, representou um investimento total - feito em parceria com a prefeitura e órgãos do governo - de U$S 336 milhões. O resultado prático foi que a qualidade da água parou de piorar", nota. Hélio Castro esclarece que por causa de ações como essa os gastos em produtos químicos não tomaram dimensões maiores, e enfatiza que as ETAs tem um limite tecnológico e de custo. Por isso é preciso combater a raiz do problema.

Controle da degradação
Já Arlete Rosa, da Sanepar, explica que as ações da companhia para o controle da degradação vão desde a ampliação e manutenção de rede de esgoto até a ampliação das elevatórias. Um exemplo do custo de recuperação dos corpos d'água está no caso de Guarituba, em Piraquara, uma área de ocupação irregular que tem 97% do território destinado a mananciais.
Esse manancial pertence ao sistema integrado que abastece 75% da região metropolitana de Curitiba. Segundo ela, a região receberá R$ 97 milhões, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para recuperação do sistema viário, reurbanização e saneamento. Segundo Arlete é a maior obra de regularização fundiária já feita e a primeira aprovada no PAC.
Arlete também reconhece que a Sanepar teve problemas com cianobactérias, mas garante que hoje essa questão já está sob controle.
Um investimento oneroso para a empresa foi na represa do Alagados, em Ponta Grossa. A proliferação de algas tóxicas obrigou à compra de uma tecnologia diferenciada para a ETA, que utiliza um processo de decantação através de micro-areia, de uma empresa francesa (Veolia), que custou R$ 10 milhões, entre a aquisição do equipamento e a integração do novo sistema ao antigo. Ponta Grossa é a pioneira na utilização dessa tecnologia no Brasil.

Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente, jan-mar 2008, p. 23-24

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