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Água poluída mata 5 milhões por ano

CB, Mundo, p. 40
23 de Mar de 2006

Água poluída mata 5 milhões por ano
Fórum no México reconhece acesso ao líquido como um direito fundamental. Brasil possui 11% do manancial doce mundial

Rodrigo Craveiro

O planeta nada teve a comemorar ontem no Dia Mundial da Água. Especialistas reunidos na Cidade do México discutiram soluções para a escassez do líquido, em conferência internacional sobre o assunto. Durante o IV Fórum Mundial da Água, ministros e representantes de 140 países aprovaram uma declaração que reafirma "a importância crítica da água" para o desenvolvimento do mundo. "Todos reconhecemos que o acesso à água é um direito fundamental, mas teremos de trabalhar mais para incorporá-lo às Constituições e às leis nacionais", afirmou o ministro de Meio Ambiente do México, José Luis Luege.
Os participantes do encontro destacaram a necessidade de um grande investimento para que dois terços da humanidade tenham acesso à água potável e ao saneamento básico. Para reduzir essa proporção à metade, são necessários US$ 12 bilhões anuais até 2015, contra os US$ 3,5 bilhões atuais. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 5 milhões de pessoas morrem por ano por água poluída e 1,2 bilhão não têm acesso à sua forma potável.
O líquido já foi motivo de disputas bélicas. Após receber informações secretas de que a Síria planejava desviar o Rio Jordão, o governo de Israel iniciou a Guerra dos Seis Dias. "Ao ritmo de crescimento da demanda na ordem anual de 1,6%, haverá uma escassez interna em 50 anos. A conseqüência será prejuízos potenciais para os mais pobres tanto países como populações", afirmou ao Correio Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), uma entidade não-governamental com ação internacional.
Bocuhy também considera que a água ainda provoca conflitos por posse e lutas na Justiça. "Em São Paulo, houve uma demanda jurídica pelo uso das águas da Represa Billings', exemplificou. Para o presidente do Proam, a solução para a escassez passa pela eqüidade ambiental "E preciso que as populações mais pobres tenham acesso aos recursos naturais." Ele admitiu a necessidade de política públicas de preservação e de uso racional do manancial hídrico. "Um aspecto importante é garantir a participação social nas decisões sobre o gerenciamento da água." A ONU advertiu recentemente que apenas 3% da água existente no planeta são apropriadas ao consumo. No entanto, as fontes superficiais representam 0,063% de todo o líquido do mundo.
Brasil
Dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios 2002 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 22,6 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável. Segundo especialistas, 45% do líquido distribuído para a população são desperdiçados. Apesar dos dados alarmantes, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o Plano Nacional de Recursos Hídricos é motivo de celebração. Ela lembrou que o Brasil detém 11% da água doce no mundo, mas reconheceu prioridades. "Estamos conscientes, neste Dia Mundial dá Água, grande desafio de recuperar várias bacias hidrográficas."
0 Fundo das Nações para a Infância (Unicef) lembrou que meninos e meninas são as principais vítimas da falta de saneamento e de água potável no mundo. "Doenças transmitidas pela água contaminada matam uma criança a cada 15 segundos", disse a diretora executiva da entidade, Ann Veneman. Mais de 400 milhões de crianças no mundo não têm acesso à água tratada. E pagam um preço alto por isso. Pelo menos 4,5 mil morrem todos os dias acometidas por diarréia.

CB, Mundo, 23/03/2006, p. 40

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