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Adeus à energia em 2012

CB, Economia, p. 15
04 de Mai de 2007

Adeus à energia em 2012
Sem licenças ambientais, hidrelétricas do Madeira não começam a ser construídas este ano. Aumenta o risco de desabastecimento

Mariana Mazza e Leonel Rocha
Da Equipe do Correio

Nem toda a polêmica gerada em torno do licenciamento das usinas do Rio Madeira, em Rondônia, parece ser capaz de resolver o maior imbróglio do setor elétrico para os próximos anos. Mesmo sob pressão, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) não deve liberar tão cedo a licença prévia para as obras mais visadas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A expectativa do presidente interino do instituto, Bazileu Alves Margarido Neto, é que a revisão dos estudos empurre a decisão para o próximo ano.

"Ainda não há condições para que a equipe técnica se manifeste. Os estudos de impacto ambiental elaborados pelo consórcio encarregado pela obra terão que ser refeitos", alega Bazileu, que foi chefe de gabinete da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Só que, com isso, o governo pode dar adeus aos planos de abastecer o país com a energia gerada pelo Complexo do Madeira a partir de 2012. E a pressão para encontrar outras usinas capazes de segurar a crescente demanda de eletricidade tende a aumentar nos próximos meses.

Para que as usinas de Jirau e Santo Antonio possam ir a leilão em tempo hábil de gerar energia para 2012, o governo precisa da liberação da licença prévia ainda neste mês. "Eu tenho um prazo para fazer o leilão. Se eu não fizer entre julho e agosto, perco a janela hidrológica da região Amazônica e temos que passar a programação de funcionamento para 2013", explicou o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. O período de chuvas na Amazônia começa em dezembro e vai até agosto.

Duas polêmicas estariam motivando o atraso na liberação: a existência de uma espécie de bagre que pode ser exterminada se não for implantado um método de transposição do peixe para o reservatório acima da barragem e o acúmulo de sedimentos que pode comprometer a natureza do rio. Estudo encomendado pelo Ministério de Minas e Energia ao especialista francês Sultan Alam mostrou que ambos os problemas seriam de fácil solução. No caso dos sedimentos, o analista alega que a areia transportada pelo rio passa com tranqüilidade pelas turbinas, não havendo acúmulo do material.

Alternativa nuclear
No planejamento energético do governo não há muitas opções para substituir a falta, mesmo que provisória, dos 6,4 mil megawatts (MW) das duas usinas do Madeira. Sem os empreendimentos, a saída será gerar energia a partir de térmicas a diesel e a carvão, o que irá encarecer a eletricidade.

Mas para evitar novo apagão, o governo está preparado para adotar medidas impopulares. A principal é a retomada do programa nuclear e a conseqüente construção da usina de Angra III. Fontes ministeriais asseguram que o aval será dado ainda neste mês, na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Ontem, o presidente Lula deixou claro que a alternativa nuclear é realidade. "Ou nós fazemos as hidrelétricas, vencendo todos os obstáculos, ou vamos entrar na era da energia nuclear", ameaçou. "Se for necessário, vamos fazer usina nuclear, porque este país não pode ficar sem energia."

Números
Em Apuros
No planejamento energético do governo não há muitas opções para substituir a falta dos 6,4 mil megawatts das duas usinas do Madeira

CB, 04/05/2007, Economia, p. 15

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