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Acusados reafirmam que Bida foi mandante

FSP, Brasil, p. A12
17 de Mar de 2005

Acusados reafirmam que Bida foi mandante
Depoimento foi mudado

Depois de passarem quase nove horas prestando depoimento anteontem, dois dos três acusados de terem assassinado a missionária Dorothy Stang recuaram de suas versões iniciais e voltaram a apontar o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, 34, como o mandante do crime que ocorreu em 12 de fevereiro passado. Eles também reafirmaram que receberiam R$ 50 mil pelo assassinato da missionária.
Na primeira versão, prestada pela manhã e início da tarde de terça, ao juiz Lucas do Carmo de Jesus, Rayfran das Neves Sales (Fogoió), 27, e Clodoaldo Carlos Batista (Eduardo), 32, afirmaram que o crime foi motivado por disputa de terras entre eles, a missionária e alguns posseiros da região, sem a participação do fazendeiro e sem a promessa de pagamento.
À noite, por volta das 22h, os acusados pediram para ser reinquiridos e desmentiram tudo. No segundo depoimento, que terminou por volta da meia-noite, Fogoió afirmou que mentiu porque foi convencido pelo intermediário do crime, Amair Feijoli da Cunha (Tato), 32, a inocentar o fazendeiro Bida, sob a promessa de receber R$ 1.000 por mês.
Clodoaldo também foi convencido pela promessa de que seria transferido para um presídio em Vitória (ES), cidade natal dele, além de receber ajuda financeira. Os dois afirmaram que Tato fez as promessas em nome do fazendeiro foragido durante o período em que os três ficaram presos na mesma cela no presídio Americano 3, a 100 km de Belém.
Segundo o coordenador do Grupo Especial de Prevenção e Repressão às Organizações Criminosas, Sávio Brabo, a seqüência de desmentidos mostra que a defesa de Tato está trabalhando para inocentar o mandante do crime. "O objetivo era deixar os três sozinhos e o Bida ficaria livre, mas os dois viram que estavam se complicando e abriram o jogo." O promotor disse que não há dúvida de que Bida é o mandante.
Brabo disse que os advogados de Tato e Bida ficaram surpresos quando souberam que Fogoió e Eduardo seriam ouvidos novamente. Os advogados negaram qualquer combinação para favorecer Bida e chegaram a pedir ao juiz que afastasse os promotores do caso, alegando que os acusados foram pressionados. O pedido foi indeferido.

FSP, 17/03/2005, Brasil, p. A12

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