VOLTAR

Acordos de mais de R$ 200 milhões

O Globo, Razão Social, p. 17
07 de Mai de 2007

Acordos de mais de R$ 200 milhões

Por Amelia Gonzalez

Em setembro de 2003 uma polêmica envolvendo um consórcio formado por multinacionais e uma ONG fortíssima ganhou espaço na mídia e virou capa da Razão Social. Trata-se do Consórcio Baesa, que constrói a Hidrelétrica de Barra Grande no Sul do país e do Movimento dos Atingidos por Barragem, braço do Movimento dos Sem Terra que cuida dos direitos dos moradores próximos a comportas. Em resumo, a questão era a seguinte: a Baesa havia conseguido licença do Ibama para construir e, na hora de abrir as comportas descobriu-se que no meio do caminho havia uma mata de araucárias, floresta virgem, nativa, que seria submersa pela água da usina.

A polêmica foi tratada pela mídia em geral, mas para a Razão Social o que importava era a maneira como essa questão estava sendo conduzida.

Interessou-nos mostrar que, diferentemente de tempos passados, quando empresários invadiam, extraíam e iam embora dos lugares sem prestar a menor satisfação à sociedade, o problema ali estava sendo tratado com o maior cuidado por todas as partes. As obras foram suspensas e entrou em ação uma ferramenta de responsabilidade social, a OCDE, braço da ONU que funcionou mais ou menos como um ouvinte abalisado para não deixar vilanizar quem, no fim das contas, iria lucrar mas também trazer o conforto da energia a boa parte da população brasileira. Por outro lado, a OCDE também teve o importante papel de organizar o discurso do Movimento dos Atingidos por Barragens ( Mab) para que as cobranças fossem construtivas, diretas, sem queixas e lamentos improfícuos.

Quase quatro anos depois voltamos ao assunto para ver o andamento das cobranças e dos acordos. Pois bem: entre outros acordos, a Baesa acabou de fazer a aquisição e a transferência para o Ibama de uma área de 5.700 hectares com características próprias de floresta mista. Foi no dia 22 do mês passado, e essa compra custou R$ 21 milhões. Tem mais, como explica o gerente de responsabiiidade social do consórcio, Edson Schiavotelo:

- Construímos 191 propriedades em sete comunidades criadas por nós segundo um dos acordos sociais e só estamos devendo mais duas ao MAB.

E já gastamos R$ 3 milhões e 100 mil na formação de cooperativas no sentido de dar sustentabilidade social e ambiental à região de abrangência da Usina, que pega cinco municípios de Santa Catarina e quatro do Rio Grande do Sul. Daqui a um ano teremos tudo implantado.

A Baesa também já asfaltou dois importantes trechos de rodovias para a região, trabalho que lhe custou cerca de R$ 8 milhões. O consórcio também cedeu uma área para virar posto de fiscalização sanitária e gastou mais de R$ 15 milhões investindo na preservação ambiental da região.

- No total, a Baesa vai gastar mais de R$ 270 milhões em acordos socio ambientais para manter a Usina funcionando. Isso quer dizer 18% do total de R$ 1 bilhão e meio que ela irá gerar.
- explicou Edson.

Agora vem a parte mais curiosa: na época falou-se muito que uma área de 6 mil hectares de araucárias seria alagada. Hoje, no entanto, a Baesa afirma que são cinco mil árvores. E que, até agora, já foram plantadas 360 mil árvores em torno do reservatório: cem mil da espécie de araucárias.

Até 2013 teremos plantado 1 milhão de árvores na região - diz Edson.

O que é OCDE?

É uma organização que foi criada em 1961 por 30 países membros e alguns signatários, entre eles o Brasil. A missão da OCDE, que tem sede em Paris, é contribuir para o desenvolvimento nos países industrializados e também naqueles em vias de desenvolvimento. Hoje em dia ela tem sido utilizada também, como no caso da polêmica criada durante a construção da Usina, como uma ferramenta de responsabilidade social. O contato é feito através de pontos que são chamados de PCN.

O Globo, 07/05/2007, Razão Social, p. 17

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.