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'Abelhas voltaram': Premiado, projeto 'recaatinga' parte do sertão da Bahia

Uol: https://www.uol.com.br/ecoa
Autor: Lilian Caramel
30 de Out de 2022

Uma das maiores iniciativas de restauração da Caatinga segue em curso na Bahia para alegria de dezenas de comunidades que estão vendo a mata renascer no sertão. Trata-se do projeto "Recaatingamento", conduzido pelo IRPAA (Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada), organização de Juazeiro. Tudo começou em 2009 quando mulheres perceberam que umbuzeiros novos não estavam nascendo mais e que, se o problema continuasse, a árvore logo estaria extinta na região. Capaz de armazenar até 1 mil litros de água nas raízes tuberosas, o umbuzeiro é apreciado pelas extrativistas que, todo ano, aproveitam a safra para fazer doces, geleias, compotas e até cervejas com o fruto agridoce.

Hoje, 35 comunidades tradicionais de 14 municípios estão sendo beneficiadas pela iniciativa conservacionista. Mais do que replantar espécies nativas, o projeto busca resgatar o valor sociocultural da Caatinga com a participação das comunidades. As famílias reúnem-se em rodas de educação ambiental, dialogam, decidem em conjunto e botam a mão na massa. "Este não é um projeto do IRPAA. É um projeto da sociedade e a gente trabalha a valorização da identidade para que as pessoas reconheçam-se como caatingueiras. Queremos mostrar também que a Caatinga em pé vale muito mais", explica Luís Almeida, Coordenador Técnico da organização, lembrando que 50% do bioma encontra-se degradado. Recacaatingar, então, traz vários benefícios: "Evita a erosão, atenua a desertificação, restabelece a biodiversidade, restitui o microclima local, sequestra carbono da atmosfera, mantém o ciclo da água e garante alimentos, fibras e frutas, gerando renda?", elenca Almeida. Nas áreas de manejo, que somam mais de 30 mil hectares, são aplicadas técnicas simples para restauro do que foi depredado e conservação do que resta. Muitas vezes, as tecnologias baseiam-se no conhecimento tradicional que a própria comunidade possui. O projeto já ganhou um prêmio da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e outro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

No povoado rural de Lagoa Branca, em Campo Formoso, os moradores trabalham em mutirão para recuperar áreas degradadas por desertificação severa, onde voçorocas chegam a quatro metros de profundidade.

O estrago foi causado por décadas de superpastoreio, desmatamento e práticas agrícolas predatórias, como a superexploração das águas do rio Salitre, que passa ao lado. O quintal de Joselina Pimentel, presidente da associação quilombola local, está cheio de voçorocas ameaçando aprofundar-se em direção à casa.

No mutirão semanal, por volta de 15 moradores entre homens, mulheres e jovens reúnem-se para preencher os sulcos e ravinas com pneus usados, troncos, pedras e até folhas de sisal, criando "barramentos".

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